OS NAZARENOS .
Todos os dias um inocente é crucificado pelo descaso de um povo que omite, se cala e ignora a opressão da tirania social .
Um povo que crucifica o amigo do lado, o idoso carente, que um dia foi o seu pai, ou o filho esquisito que não se enquadra nos conceitos impostos pelos padrões de qualidade .
São mortes silenciosas e silenciadas ,para que não atrapalhem o desenvolvimento do progresso. São gritos abafados pelos blocos de concreto que crescem em velocidade máxima; pelo buzinar dos que buscam a corrida contra o tempo, pelas máquinas humanas que não podem parar .
São guerreiros famintos, com seus corpos suados e olhos banhados em fé .
A cada instante um nazareno é condenado, abraçando a sua própria cruz e esperando apenas o milagre da ressurreição .
Acreditam no fim da miséria, da fome, da seca e mesmo vítimas do preconceito olham pra cima e simplesmente acreditam, deixando suas Marias orando aos seus pés .
São lágrimas da injustiça, da impunidade e da esperança , como verdadeiros nazarenos que lutam por um ideal ,mesmo tendo seus sonhos crucificados todos os dias .
Silmara Torres Retti -