A PEDRA QUE SOU

Parabéns, DR, pela postagem. Muito bom aporte sobre Poética, material ótimo para ser discutido pelos nossos interlocutores na página Oficina do Verso. É monumental a interpretação de Paulo Autran sobre o poema “PROCURA DA POESIA”, de Carlos Drummond de Andrade, maravilhoso para encerrar com chave-de-ouro tal abordagem. O poema de CDA é de uma lindeza ímpar, a par da sabedoria só encontrável nas entranhas da genialidade, bem como ele sabia ser e desempenhava sem esforço. Cada palavra subverte o sentido original das palavras postas e se levanta em nós a súbita comoção que o Novo permite e propõe. Este ‘saber congeminar’ é muito de teu ofício como produtora cultural e poeta. Quem sabe, sabe. Obrigado por tuas palavras de sabedoria e alento. Um dia, é certo, ainda vou fruir a aura de Drummond, meu ícone poético de sensações e medos. Quando o encontro se der, em agradecimento, decerto poderei purificar os meus neurônios em sua imanência espiritual. Por ora, "a pedra que sou" partilha a condenação do estar vivo e imiscuído nos mistérios da Poética. Tu e eu temos identidade similar: ficamos semeando a Confraternidade através da Poesia, na materialidade da peça escrita ou verbalizada. E ao discutirmos o poema, ampliamos o universo das palavras, no sonho de entendimento através da linguagem universal. Nesta, o coração humano supera todas as diferenças, que vivo ou morto, é pedra a ser cinzelada...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

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