DESAFIOS
Para o cristão decidido, em luta por uma conduta integral, a vida moderna é um perene e áspero desafio.
Espreitam-no facilidades e comodismos, ensejando-lhe ocasiões de corromper-se em lautos banquetes de prazer e festa.
Insurgem-se contra o seu programa os que, embora acordados, dormem para as questões do espírito, investindo, furiosos, contra sua paz e dedicação.
Acólitos da ira, mal disfarçados, aparecem com múltiplas faces atenazando, afligindo.
No entanto, são as atrações do que se convencionou chamar a “vida fácil” os mais soezes empecilhos à vida correta, na diretriz evangélica.
Há muita gente que se diz inábil para pedir, a fim de dar; incapaz para a assistência ao sofrimento alheio; indócil ante a humilhação; inconformada com as misérias, embora creiam na imortalidade e abracem os postulados desta ou daquela denominação cristã, não sendo escasso o seu número nas fileiras espiritistas da atualidade... Todavia, todos se revelam vivamente empenhados em aumentar as rendas, ampliando o campo das comodidades, providenciando fortunas. “Previdência – dizem – na construção do futuro.” E reportam-se aos filhos e demais membros da família, considerando a necessidade de atendê-los com um pecúlio para o futuro, desde que pensa na própria desencarnação. E dessa forma atestam a pouca importância que, certamente, dão ao legado moral, do espírito.
Cumprem deveres, sim, todos esses que assim pensam. São bons pais, do ponto de vista imediato, pois que aos filhos concedem caprichos que os fazem vândalos ou verdugos desde cedo...
E a vida desafia o cristão, quando lhe aponta Cristo e o Mundo.
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Edith Cavel, a nobre enfermeira, empenhada na arte de preparar jovens para curar, aceitou o desafio do perigo e, durante a primeira guerra mundial, facultou a fuga de homens e mulheres marcados para morrerem, sendo, ela própria, fuzilada mais tarde...
Moandas Gandhi, o Mahatma hindu, campeando pela paz, aceitou o desafio da luta, libertando seu país e seu povo com a sua “violência pacífica”, perecendo, depois, em homicídio fanático...
O conde Bernadotte, representando a Organização das Nações Unidas, aceitou o desafio de pacificar o Oriente Médio, tendo a existência física interrompida pela arma assassina de um fanático....
Há desafios que levam à vida e desafios que conduzem à morte.
A grande maioria dos homens aceita o desafio de viver e chafurda na vasa fétida da morte em relação à vida.
Na mesma ordem surgem os desafiados pela vida revestidos de roupagens diversas, no grande combate.
Anjos da maternidade torturada...
Líderes do trabalho honesto...
Ases do dever bem cumprido...
Mártires da fé em litígio...
Sacerdotes da abnegação...
Campeões da Ciência e da Filosofia...
Santos da renúncia e do amor...
Heróis da paz...
Homens e mulheres, amantes da humanidade, diariamente desafiam o conhecimento, mergulhados em pesquisas grandiosas, através das quais poderão ser úteis ao próximo. E muitos deles, no afã de concluírem as experiências em realização, não temem inocular vírus e bacilos neles mesmos, perecendo, quase sempre, para que outros sobrevivam...
Desafios que se escondem no sorriso da bajulação, no calor da maledicência, no ressaibo da calúnia, no licor da mentira, no cofre da cobiça, no sorriso da ironia, na taça do orgulho..., tentando o aprendiz da lição evangélica...
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Narra, velha tradição oral, que João, o “discípulo amado”, já muito avançado em idade, era habitualmente conduzido pelo carinho dos discípulos jovens a participar do banquete das explanações evangélicas, perto do tugúrio que elegera para residência. Convidado sempre a dizer algo sobre o Rabi e Sua Doutrina, repetia, invariavelmente: “Ama ao próximo como a ti mesmo.” Interrogado, certa feita, sobre a razão de tal procedimento, insistindo no velho conceito de todos conhecido, teria respondido: “ Se alguém já pode amar ao próximo como a si mesmo, tudo mais é acessório e chegar-lhe-á por acréscimo da misericórdia de Nosso Pai...”
Amar e viver consoante a diretriz evangélica é,sem dúvida, o mais sério desafio que repta o servidor da Boa Nova, na hora presente, tanto quanto o foi nos dias passados.
(De “Dimensões da Verdade”, de Divaldo P. Franco, pelo espírito Joanna de Ângelis)
POSTADO POR ZILDA SANTIAGO MACIEL
FOTO/ DIVALDO P. FRANCO
POSTADO POR ZILDA SANTIAGO MACIEL
FOTO/ DIVALDO P. FRANCO
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