Apego

Vivo, e amo tanto viver… Quem já passou algumas vezes por um quase “partir” e aconteceu de volta ficar, como não há-de amar viver… Tenho alturas em que vivo calmamente a vida, noutras vivo-a sofregamente, tudo isto dependente do meu estado de alma e mente… Viver, é sentir o frenesim de ter que fazer mudanças na minha vida. Gosto de mudar, mudar faz-me sentir que não estou parada no tempo, que não há monotonia na vida que vivo. Mudo tudo, desde que possa fazê-lo, desde que as forças musculares me ajudem. Mudo a casa, e tudo na casa e nunca nada está no mesmo lugar tempos infinitos, desde que possa, tudo vai rodando, mais de uma vez por semana, todos os cómodos vão conhecendo os cantos da minha humilde casa. Com os móveis mudam também meus objectos decorativos. E ela, a casa “adora” isso. Sei, que muitos não me entendem nisso. Acham-me tonta. Mas eu pouco me importo com a opinião desses outros. Interessa-me, isso sim, meu bem-estar e minha vontade em fazer, crer e poder. Por exemplo, quando necessito de paz e da minha solidão, inclusive acabo por desactivar as minhas redes sociais, não é por mal, é porque necessito disso… De me encontrar a mim, na solidão encontro a minha mudança. Não pretendo magoar ninguém quando faço isso, quando me afasto, e já lhes expliquei isso a alguns pessoalmente e a outros via telefone. Creio, que os meus Amigos, já sabem que quando isso acontece, não quer dizer que não os ame, simplesmente preciso da “minha” pausa, para a tal mudança. Eles, já me entendem muito bem, e por bem que lhes seja difícil de compreenderem, eles aceitam, porque nossa amizade é verdadeira, existe, é palpável. A mudança em mim é necessária, não gosto da monotonia das coisas, das repetições, seja em gestos, actos ou situações. E quando acontece, por algum motivo não haver mudança na minha vida, fico angustiada, como que meio depressiva. È uma necessidade minha, é como se fosse um antídoto necessário ao meu ADN. É como se precisasse desse estado de mudança, para "nascer" de novo…

Tem gente, que me pergunta o porquê disso, e porque é que eu não mudo também de marido e filho, e dizem também, que não é bom andar sempre a mudar, mas eu não lhes dou crédito algum, nem sequer me dou ao trabalho de lhes responder, pois nada têm a ver com isso. São tão, mas tão abjectas, que nem valem o trabalho de eu lhes dar uma resposta, e o que deviam fazer, era preocuparem-se mais com a vidinha delas. E quanto às mudanças, não é bem assim, minha avó paterna que me era muito, muito, muito querida, dizia-me que mudar faz bem, pois quem muda Deus ajuda, pode ser um provérbio muito antigo, mas eu creio nele e muito mais na sabedoria da minha querida avó. Mas ultimamente sou eu que tenho mudado… Mudado, a todos os níveis. Mudei, na relação, na entrega a todos que comigo se cruzam. Entrego-me a quem se entrega por inteiro, e aí dou meu apego e recebo também. É tão gratificante, sentir apego pelos outros por inteiro… Aqueles que ficam a meio “pau” como se diz na minha terra, ah, esses acabam por ficar na minha “cave”, lidando com o meu distanciamento… Este apego, que eu antes tinha, muitas vezes tornou-me como que “incapacitada”, presa a sentimentos por pessoas que não me valorizavam e por isso, aprendi, a “olhar” mais para dentro, e a ter todos os sentidos apurados… Aprendi que praticar o desapego, só nos traz libertação de alma e menos sofrimento, não me escondo desse pensamento e de o praticar, é essencial, liberta-me de um incómodo emocional, que me condenava á parvoeira. Verdade… Aprendi, a viver assim e tenho-me dado bem assim.

Maria Irene
Enviado por Maria Irene em 16/06/2016
Reeditado em 17/06/2016
Código do texto: T5669439
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