A dor e seu poder de aprendizado
Em virtude de muitas situações imprevisíveis que a vida nos coloca, somos desafiados a lidar com algum tipo de dor, apesar de nunca esperarmos pelo ruim, não é mesmo?! A dor machuca, nos fere, nos angustia a ponto de tirar o sono, a paz e a tranquilidade, abalando todas as nossas estruturas. Evidentemente, cada um sente diferente e, ao estarmos diante de algo que nos incomoda, temos a tendência de achar que a nossa dor é a mais dolorosa do mundo, nos tornando egocêntricos e indiferentes aos outros, relativizando ou negligenciado sentimentos alheios.
Entretanto, a mesma dor que dói de maneira tão intensa, que parece infindável, é a ponte para a cura, para muito aprendizado. Nela, o outro se apresenta para nós. Descobrimos amigos que nunca pensaríamos que estariam ao nosso lado, bem como percebemos quem realmente é amigo e está disposto a nos ajudar. A gente se entristece com pessoas que diziam ser amigas, contudo, no momento em que mais precisamos, não o demonstram. O mais incrível é quando começam surgir pessoas novas, que nunca vimos antes, até pessoas estranhas – estranhas, não, calorosamente humanas! - que não fazem parte de nosso convívio, nos ajudando e sensibilizando-se com nossa dor.
A dor, portanto, nos torna mais humanos e sensíveis conosco e com o outro à nossa volta. A dor que intranquiliza e por vezes no fecha num mundo escuro e sombrio, também abre uma porta com múltiplas possibilidades de construirmos um novo mundo - mundo este em que o outro é importante, visto de uma forma que faz sobressair a plenitude de sua humanidade diante da nossa indiferença, pois passamos também a enxergar em nós as dores dos outros, ora parecida com as nossas, ora piores, mais intensas.