Caminhos
Diz a lenda que certo velocista era tão obcecado por alcançar o fim de uma linha que numa competição nunca parava para observar as coisas no caminho a sua volta. Certa vez ele foi convidado a competir numa estrada esburacada e cheia de curvas. Havia uma placa no início dessa trilha, com palavras belas e convincentes que apresentavam a felicidade como prêmio no final da trilha. A falsa ideia de que o segredo para vencer uma corrida é seguir sempre em frente num caminho sem ouvir ou observar nada ao redor fez com que o velocista não percebesse o número de pessoas que encontrou na contramão, machucadas, voltando feridas e com palavras de alerta, ignoradas pelo velocista que pensava apenas se tratar de meios para desencorajá-lo e pará-lo. O velocista não considerou nem ao menos a sabedoria da natureza, como os latidos dos cachorros, velhos conhecedores daquela estrada e ainda zombou de quem parou para dar atenção aos sinais. O velocista continuou correndo, cada vez mais rápido e confiante. Como a intenção de chegar ao seu destino era tão intensa a ponto de fazê-lo não querer perder o foco de jeito nenhum, fechou os olhos ...
Havia um precipício no final da trilha.