As "Letras" precisam se preocupar com o futuro do Brasil
As "Letras" precisam se preocupar com o futuro do Brasil.
Não se trata de voltar com a discussão de qual seria a função da arte. Certamente as artes não podem ser instrumentos de uma ideologia ou de partidos políticos. Mas em situações extremas, como a que o Brasil vive no atual momento, é obrigação moral e histórica dos artistas, dos escritores, de assumir posições claras sobre o futuro que nos aguarda. Os nossos leitores, muitos desinformados, procuram orientações, reflexões, de tal forma que possam se posicionar com maior racionalidade frente ao quadro político, social e econômico no qual estamos vivendo.
Creio que é possível afirmar que fora da democracia, conquista histórica dos povos, não há saída. Não tolher a liberdade é outra verdade que não pode ser esquecida. A observância estrita da Constituição e das Leis é mandamento geralmente aceito. O dever da solidariedade e da justiça social são valores que se apresentam como imposições de sobrevivência, haja vista a proporção da catástrofe que se abateu sobre nós. A não violência é uma opção óbvia da convivência democrática, que se pretende cada vez mais aprimorada.
Alguns erros cometidos, nos últimos anos, sobre os quais não há muito o que discutir - são fatos amplamente divulgados - precisam ser extirpados e contidos, tais como: corrupção; incompetência específica na ocupação de cargos e posições de decisão e responsabilidade social no setor publico; violência física como método de atingir objetivos políticos; adesão à doutrinas que já foram rechaçadas mundialmente como anti-humanas e impróprias para a organização e o funcionamento das sociedades; a mentira como prática de relacionamento dos governantes para com o povo; estagnação econômica e insegurança publica.
Preocupa o desempenho do Congresso já que, o "supremo poder", é, atualmente, constituído, na sua maior parte, por idiotas irresponsáveis que não sabem explicar, sequer, o que e por que estão votando determinadas matérias. O Congresso Nacional é o lugar natural do encontro do querer e do saber nacional que, para que possam se concretizar em projetos justos e apropriados, precisam ser discutidos e aprovados por mulheres e homens, representantes do povo, competentes e honestos, não vulgares arrivistas e oportunistas.
As eleições, tanto para o poder legislativo como para o poder executivo, em todos os níveis - federal, estadual e municipal - não podem ser decididas pelo poder econômico, que contrata marqueteiros amorais que, utilizando-se de refinadas técnicas de psicologia, de pesquisas sociais e de marketing, vendem desde sabonetes até candidatos...
Acredito que nós que nos dedicamos às Letras temos a obrigação de refletir com o povo, com os nossos leitores, levantando questões, propondo reflexões, de tal forma que os nossos irmãos e irmãs possam chegar às próximas eleições gerais, (que espero que se realizem ainda este ano), elegendo "caras novas", honestas e competentes. Os que estão aí precisam ser afastados pelo voto, todos, (os poucos bons serão reeleitos). Só assim poderemos voltar a sonhar com melhores dias para o nosso sofrido e querido Brasil.
Eurico Borba
Aposentado, 75, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, escritor, mora em Ana Rech, Caxias do Sul, RS.