Precisamos nos atualizar nessa era de superficialidades?

Hoje acordei com o coração apertado. Me lembrei das pessoas que ficaram para trás, mas me lembrei ainda mais daquelas pelas quais eu fui deixada para trás.

Sabemos que a vida nos leva para lá e para cá como bem entende e muito do que gostaríamos de decidir não fica realmente em nossas mãos. Conhecemos pessoas e somos obrigados a nos despedir um dia vivendo a saudade dos momentos que tivemos com elas.

Mas e quando percebemos que não tivemos valor para alguém que nos dedicamos tanto? Um amigo ou amiga, que pensávamos, ser para sempre? Um lampejo, uma possibilidade de um amor que pareceu estar chegando e mais uma vez nos damos conta de que vivemos um momento descartável?

É difícil aceitar como nos tornamos descartáveis uns para os outros. Entramos nessa onda de velocidade e as pessoas que passam em nossas vidas chegam e se vão como água, não importando mais o que acontece em seguida.

Dias atrás uma amiga me disse: “Quem vê você, vê uma mulher segura, disponível, cheia de si e não imagina como você é de verdade por dentro”. Acho que ela se referia a isso, à minha não aceitação do ser descartável, simplesmente o ser mais uma na vida de alguém. Fico a pensar; será que eu sou igual a essas pessoas que tratam os demais de forma tão rasa? Não, não sou mesmo e me causa um rebuliço só de imaginar ser assim. E talvez por esse motivo eu seja como muitos falam, não ser desse planeta.

A arte do desapego em relação às pessoas que passam em minha vida é algo que desconheço. Me apego sim. Gosto, curto, admiro e torço pela felicidade dos meus. E de preferência ao meu lado. Quando a vida é dura e leva de mim os que gosto, sofro, mas ao menos tenho a certeza de que foi a vida quem quis assim. Cruel mesmo é quando as pessoas nos descartam sem mais nem menos, sem ao menos ter a decência de nos dar um por que. Triste é ser desprezado e totalmente ignorado, como se nem tivéssemos existido.

Vivemos numa triste atualidade em que as pessoas “ficam”, fugindo de relações que somam em troca das que aparentemente não fazem diferença alguma, quando na verdade subtraem sim. Subtraem nossos sentimentos, nossos valores, nossas possibilidades de evolução emocional, de valorizar o outro, de conhecer o próximo e a si mesmo de forma mais profunda.

Nos tornamos uma sociedade doente, onde o olhar ao outro com o coração é estranho e não natural como deveria ser, onde amigos já não parecem ser tão amigos assim e amores, só de final de semana ou fim de festa.

Fico feliz ao não me encaixar nesse novo jeito errado de relação, gosto e faço questão do encontro pessoalmente, do ouvir a voz e o olhar nos olhos. Aprecio o conhecer o outro na sua mais profunda intimidade, desde suas qualidades até as fraquezas mais escondidas. Admiro o buscar de afinidades e o respeito pelas diferenças.

Vivemos numa era de pessoas descartáveis, quando aceitamos ser tratados assim. E pior, quando olhamos para os demais de forma tão superficial. Se não nos encaixamos, acabamos por nos sentir sozinhos, por ainda possuirmos algo de tamanho valor e esquecido pela maioria: O AMOR AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS. Ainda que me sinta sozinha, não estou só de verdade. Apenas ficou difícil encontrar os que sobraram da mesma espécie (rsrs).

Que amizade e amor não entrem em extinção!

Luciana Reis Viana
Enviado por Luciana Reis Viana em 16/03/2016
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