Algumas flores só brotam
Daquilo que estiver morto,
E o doce perfume que exalam
Nasce da decomposição.
Premiações
Há alguns dias fui indicada ao prêmio Dardos - uma camaradagem entre blogueiros. Aceitei, justamente por ser apenas isto: uma camaradagem entre blogueiros, um gesto simpático e amigável, sincero e sem pretensões, cujos indicados nada devem e de nada são cobrados. Também aceitei com a mesma alegria o prêmio que me foi oferecido pela OPB (Ordem dos Poetas do Brasil) em 2015, um simples diploma enviado por correio, sem custos; algo simples, e no qual senti muita sinceridade.
Fui convidada a participar de duas academias. O primeiro convite me foi feito há mais ou menos um mês, e não o aceitei porque, para receber os prêmios, eu deveria pagar. E não era uma pequena quantia (pelo menos, não para mim). E eu fiquei pensando: qual a validade de um prêmio pelo qual o premiado precisa pagar? Cada um faz as próprias escolhas, e a minha, é que eu jamais pagaria para receber um prêmio, pois isto significaria que ele não tem nenhum valor, e que pessoas muito mais talentosas que eu (e que não podem pagar) estariam sendo discriminadas.
O segundo convite, que recebi ontem à noite, me foi enviado pelo contato do Recanto. Alguém indicou-me a uma academia (não sei quem foi) e disse que, caso eu estivesse interessada, deveria enviar uma foto com uma pequena biografia. Fui até o site, e li a seguinte informação: "Devido ao grande número de pessoas querendo ingressar na nossa academia, teremos que analisar os perfis para ver quem poderá participar." Fiquei pensando que, se caso eu tivesse mesmo enviado o perfil, eu não estaria entre aquelas pessoas, que apesar de terem sido convidadas, estavam sendo esnobadas online.
Agradeço os convites, mas eu não tenho perfil para esse tipo de coisa. Não me considero uma escritora. Cometo erros de português terríveis, e não me interesso nem um pouco pelo novo acordo ortográfico, que eu alegremente ignoro e continuarei ignorando. Odeio participar de eventos formais, nos quais pessoas premiadas são aplaudidas, durante cerimônias longas e chatérrimas, por uma porção de gente que nunca ouviu falar delas, e das quais ela nunca ouviu falar, e após a cerimônia, homenageados e homenageantes esquecem totalmente de tudo o que foi dito.
Por favor, se alguém, com a intenção de me agradar, me indicou para alguma academia, eu mais uma vez agradeço e peço que não o façam mais. Se aquilo que eu escrevo tiver algum valor, creio que alguém se lembrará de mim daqui a alguns anos, quando eu estiver morta. Porém ao mesmo tempo, tenho certeza de que se eu morresse hoje, receberia alguns comentários nas minhas páginas e blogs, fariam talvez algumas homenagens no Facebbok, e então, eu seria totalmente esquecida - e tudo o que escrevi ficaria por tempo indefinido rolando na internet, até que fosse apagado por algum administrador. Exatamente como tem acontecido com muita gente que escreve em blogs na internet, e aqui mesmo neste espaço. É só a gente procurar, e lá estão eles: as páginas continuam nos mesmos lugares, sem novas postagens, e ainda há aqueles que as visitam em busca de comentários para suas próprias páginas, comentando os mortos como se ainda estivessem vivos.
Escrevo por um único motivo: eu gosto. A única coisa que me deixaria feliz em relação ao que escrevo, seria ter um livro totalmente patrocinado por alguma editora que realmente se interessasse pelas minhas palavras, e que achasse que meu trabalho é realmente muito bom, mas tenho plena consciência de que isso jamais acontecerá. É impossível. Porque eu não escrevo nada que tenha valor comercial, e nem pretendo escrever. Se algum dia eu ganhar algum dinheiro com o que eu escrevo, comerei um camelo com pelos e tudo. Não percam seu tempo comigo.