À altura
Carência é uma droga. Por que quando precisamos tirar alguém da mente, a infeliz da pessoa insiste em se trancafiar em nosso coração? Pior, esconde tão bem a chave, que não há santo que ajude. E por mais que queiramos esquecer, as benditas das lembranças estão lá pra mostrar que aquela ausência nunca fora tão presente. Nessa história, quem paga o pato é a mente, que não se desliga, se desencontra e se mantém a mil por hora, isso pegando leve. Tem dias que a intensidade do pensar é tanta, que mal dormimos. Quando dormimos, ainda sonhamos com o infeliz. Aí, o que fazer? Matar? Morrer? Às vezes nem assim. Numa dessas, o castigo seria tão grande que numa próxima vida, estaria o cretino lá para nos fazer passar pelas mesmas situações. Claro que essas palavras são fruto da carência. A minha é de sentimento, de reciprocidade. Mas essa é algo caro demais, num mundo de tantas pessoas baratas. O que me resta é esperar que o momento passe, que novos cheguem, mesmo que eu não saiba quanto tempo vão durar. Nem mesmo quais as consequências de uma "nova" velha fase terei que enfrentar.