Eu te agradeço, caro, por ter descoberto que ainda falamos a mesma linguagem, algo meio milagroso na vida que preciso levar e que conheces bem. Da minha vida, caro... sei lá de mim... sei lá de mim... Seja como for, tentemos salvar o que nos ficou, talvez a única coisa que ainda   nos  possa  caber:  essa  amizade  feita  das
cumplicidades conquistadas ao longo do nossos longos anos de vida comum. Talvez o possas conseguir... Talvez seja pura ingenuidade minha crer que o possas conseguir...
         Tu, ser tão só como eu, partilhemos o possível do que de nós restou... O possível... O possível... Não falo de corpo, ao menos eu, não. Fôsses tu um asceta e tudo seria muito simples. Bem, asceta não és, e isso é uma grande pedra no caminho do que te estou a propor...
          Sei que o tempo de outros sonhos há muito se finou... se finou... Não vejo tempo de retorno para eles... Não vejo, mesmo. Pensa no que te digo... Pensa, amigo meu - Urge chamar-te assim, que a mim só resta tempo e vida para amigos... para amigos...