SERENIDADE



Geralmente, confunde-se calma com serenidade. De fato, para alguém menos observador, essa tênue diferença talvez nem seja visível. Os próprios dicionários registram as duas palavras como sinônimas. Mas elas podem ter pesos diferentes.

O ser humano nasce com tendências de temperamento, que serão alteradas ou amoldadas pelo meio ambiente. A calma faz parte da têmpera de uma pessoa, assim como a impulsividade, a sensatez e outros sentimentos. Todos os temos dentro de nós, sem exceção. Uns são aprimorados pelo meio ambiente; outros, exacerbados; outros, dominados, sejam essas têmperas ditas boas ou ruins, de acordo com o padrão cultural onde se vive e as experiências pelas quais se passa. Mas sempre estiveram lá, dentro de nós.

Uma pessoa pode ser calma e não ser serena. Num exemplo bem simplista, um temperamento predominantemente calmo consegue, ao ser atingido por uma ofensa, ter autodomínio para não se alterar ou para esperar um momento melhor, mais isento de emoções para responder ao seu ofensor. Talvez, nem responder. Porém, essa pessoa sente-se ofendida, atingida. Apenas não reage com impulsividade, controla-se, mantém-se calma.

No entanto, a pessoa em cuja alma habita a serenidade, ao receber a mesma ofensa, não se deixa atingir. Já conseguiu alcançar um estágio de vida em que todas as experiências vividas e observadas foram tão solidamente absorvidas, que não será agredida por nada que não queira, nada que não permita. É uma diferença que parece até não existir, mas que se olharmos atentamente, ela está bem na frente dos nossos olhos.

Para que se alcance esse estágio, é preciso não ignorarmos cada passo acertado ou equivocado que dermos, refletirmos a respeito, para tirarmos uma lição de cada um deles. É esse enxergar, ouvir e absorver,  que um dia poderá trazer a serenidade para o nosso coração.

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