DAS PERDAS FAMILIARES

Estou contigo nesta difícil hora de perdas no seio familiar. O coração e os olhos acolheram a notícia da morte de um jovem, teu amado sobrinho. Vai daqui a minha potência poética de resistência solidária e o meu intento é te dizer que a tristeza do evento morte, especialmente o desaparecimento precoce, ou o que denominamos como tal, poderá representar – em sua aparente finitude – o encontro antecipado deste espírito que ora se eleva com o Absoluto, dando por bem cumprida a sua missão terrena. Ora, quem somos nós para tentar alterar o curso de uma existência? Apercebe-te! A Poesia é o doce surto com que se pode vencer a hostilidade momentânea. Fazer o poema é recriar a vida, vencendo a hostilidade dos dias. Imagina que o teu jovem amigo cumpriu a sua missão neste plano e procura saudá-lo com a tua melhor espiritualidade. No mínimo para acompanhá-lo sem choro em sua nova trilha. Este diálogo pode conter a magia da Poesia enfeixada em sua materialidade, o poema crístico – mais humano ainda. A dor, o sofrimento espiritual, pode vir a ser a vereda para a renovação de valores nos cotidianos caminhos. Prefiro pensar que estejas recebendo a oportunidade, caridosamente, em ti e por ti, de construir o poema do encontro com o bem maior: a Felicidade. E este bem, por humanos, só a encontramos quando o fio da vida costura as costumeiras feridas, apesar da solidão da material falta do outro bem vital que se exauriu, e que também – no recente – fazia parte da sensação de estar feliz. A vida se renova a cada centelha do sol do novo dia...

– Do livro A BABA DAS VIVÊNCIAS, 2013/15.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5268090