NA ROUPAGEM DO AMAR

Vou ler o poema indicado (que enfoca os afetos), mas não farei nenhuma apreciação crítica sobre ele. Sabes por que razão? É que estes espécimes nascem carregados de amorosidade rediviva. Dificilmente sobre eles perpassam os ventos da racionalidade, somente a emoção os bafeja; doce brisa, dulçurosa, leve, harpejo dos sentimentos. É uma descarga emocional saudando a vida e o viver, louvando ao êxtase a condição humana do amar. Quando se referem aos amados de convivência, filhos ou netos, então nem se fala. Impossível comentá-los esteticamente. Pode-se magoar o autor. Devemos correr o risco, mas não o de perder o amigo-leitor, aconselha a prudência... Os poemas dedicados aos afetos são imutáveis, portanto. Não há como entrelaçar a análise crítica, interligá-la, porque ela se torna intrusa, tendo em vista sua linguagem analítica. E, se a crítica pretende melhoria estética na peça criticada, por que e para que fazê-la? Então, só resta saudá-los como espectador embevecido. Bem, depois destes esclarecimentos, vou até o teu texto somente para fruí-lo, como convém a um expectante. E, em contrição, rememorar aqueles que me moram no domínio de que nada de estranho ou novo atingirá o Amar e sua doce palavra...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5258038