O ASNO DE ASAS E O FAZ DE CONTA

Sou um condenado ao pensar e que tendo por causa essa condenação, comete versos desbragados. Tudo por compulsão à palavra e ao possível encontro com o que de mim voa – um asno de asas. Dia desses, prometo, ainda vou ser um esqueleto bem comportado, quase normal. Enquanto isso, que não nos dispersemos. Sê muito bem-vindo ao meu coração antigo e pleno de defeitos, por pertencer à fauna dos inconformados que tentam mudar o mundo. Muito bem-vindo mesmo, em nome da arte e de nossa linda fauna tão precária. E vamos parar de conversar enquanto ainda há tempo, se não o mundo estará irremediavelmente salvo... O que seria do poeta e da poética num mundo sem problemas?

– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. 01: O Exercício do Sentir Poético. Porto Alegre: Evangraf, 2016, p. 18.

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