Horror ao nada
O homem tem instintivamente a certeza de que tudo que tudo não se acaba com a morte. Ele tem horror ao nada, mas não crê na vida futura. E quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que será deles. Deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente.
Como se sentir indiferente a uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? O homem poderia ver sem terror, abrir-se à sua frente o imenso abismo do nada, pronto a devorar para sempre todas as suas faculdades, todas as suas esperanças. Poderia dizer que dentro de breve nenhum traço haverá de minha passagem pela Terra. Para compensar pelo bem que fiz somente o meu corpo devorado pelos vermes?