Colheita

Colheita

maria da graça almeida

Descuidei-me da plantação,

não me preocupei

com a escolha das sementes.

Ora vejo, aqui e ali, brotar a urtiga,

que num dia de ira, desvairada, espalhei.

Sinto, lá e acolá, o odor de camundongo

e os malefícios da cicuta,

que em tempo de amargura semeei.

A urtiga lanha-me a pele,

a cicuta envenena-me o sangue.

Somos nós as vítimas

ou os beneficiários dos próprios atos.

O plantio é de nossa opção,

a colheita não.

maria da graça almeida

maria da graça almeida
Enviado por maria da graça almeida em 19/09/2005
Código do texto: T51968
Classificação de conteúdo: seguro