No Dia da Mentira

A Operação Condor foi o instrumento inquisitório que banqueiros illuminati impuseram aos países da América do Sul, ao usarem a cúpula militar do Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai, Paraguai, Chile, Peru, Venezuela e Bolívia para estabelecer regimes ditatoriais, os quais se prestariam para defender interesses de corporações estadunidenses estabelecidas em seus territórios. Os generais sul-americanos, iluminados por raios imperialistas emanados de Washington, receberam apoio da Agência Central de Inteligência (CIA) para integrar as informações que tiveram a finalidade de exterminar a todo ativista que não simpatizava com a ordem ditatorial ianque implantada nos países do Cone Sul. Nesse cenário de terror, comandado pelo serviço de espionagem norte-americano, um grupo de oficiais brasileiros, do Serviço Nacional de Informações (SNI), chegou a ministrar cursos de torturas a militares chilenos que depuseram o presidente Salvador Allende Gossens.

Jânio da Silva Quadros, natural de Corumbá, Mato Grosso (1917/1992), venceu as eleições presidenciais de 1960, tornando-se o primeiro presidente a tomar posse em Brasília, a nova capital do país. O Homem da Vassoura eliminou privilégios cambiais que favoreciam as corporações Esso e Texaco, que importavam derivados de petróleo, limitou a remessa de lucros para o exterior e promoveu abertura de relações diplomáticas e comerciais com países não alinhados à Casa Branca. Como o Império Americano não gostou, generais submissos forçaram-no renunciar.

Cerca de oito meses depois de ser empossado, o presidente condecorou o Ministro da Economia da República de Cuba, Ernesto Guevara la Serna, com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta comenda brasileira. Posteriormente, numa manobra orquestrada, o governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda (o Corvo), aquele que construiu a derrubada do presidente Getúlio Dornelles Vargas (1954), denunciou que janistas o havia convidado para ajudar a implantar um governo ditatorial. Inexplicavelmente, no dia 25, o presidente renunciou.

Com a renúncia do presidente Jânio, o vice-presidente João Belchior Marques Goulart (Jango) assumiu o cargo, após uma ferrenha queda de braço com generais alinhados a Washington. Eleito vice-presidente nas eleições que colocou Jânio Quadros no poder, Jango, natural de São Borja, no Rio Grande do Sul (1919/1976), encontrava-se em visita oficial à China, no momento da renúncia do presidente brasileiro. Nessa ocasião, os militares levantaram-se para impedir que o vice-presidente tomasse posse. Porém, no dia 2 de setembro, com a aprovação do sistema parlamentarista, o advogado de São Borja assumiu o cargo vacante. Trabalhando para a derrubada de Jango, cerca de 152 empresas norte-americanas, aqui instaladas, com destaque para a IBM, Texaco, Shell, Esso e Coca-Cola Company, arrecadaram milhões de dólares para eleger 120 parlamentares hostis ao presidente, nas eleições de 1962. Em 6 de janeiro de 1963, o sistema parlamentarista de governo foi sepultado por um plebiscito que restaurou o regime presidencialista. Enfim, a ingerência da Casa Branca solapava as bases da soberania brasileira.

No dia 12 de março eclodiu um levante de sargentos da Marinha e da Aeronáutica, em Brasília, mas foi logo sufocado por militares leais ao governo. No início de 1964, fazendeiros e camponeses entraram em choque, devido a assuntos de reforma agrária. Uma passeata que reuniu sete mil operários, em Brasília, protestou contra o governo, e um congresso socialista da Confederação Unitária dos Trabalhadores da América Latina (CUTAL), programado para Belo Horizonte, foi impedido de funcionar. A gota d’água que desencadeou o golpe de Estado transbordou com o comício do dia 13 de março, realizado na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Cerca de 150 mil trabalhadores participaram do evento em que o presidente Goulart anunciou os elementos básicos de seu Plano Trienal para alavancar a economia: reforma agrária, educacional e bancária. No bojo da reforma bancária encontrava-se a Lei de Remessa de Lucros, limitando a remessa para o exterior de apenas 10% do capital aplicado no país. Também, faria incluir na Constituição Nacional que as terras improdutivas retornariam ao Estado para serem aplicadas em reforma agrária.

Para levantar o populacho contra o governo eleito pelo povo, destaque para a Greve dos Duzentos Mil, do dia 19, em São Paulo, apoiada até pelo líder socialista Miguel Arraes, então governador do Estado de Pernambuco. Dentre os vários movimentos fascistas usados para levantar o povo a sair às ruas para derrubar o governo democrático, sobressaiu-se a Frente Patriótica Civil-Militar e a Sociedade Brasileira Para a Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), um órgão da ala direita da Igreja Católica Apostólica Romana. Para derrubar o presidente Jango, a CIA fez uso do mesmo processo que empregou para derrubar o primeiro-ministro do Irã, Mohammed Mossadegh, uma década antes, com o fornecimento de dólares para subornar a população civil a sair às ruas a protestar. Foi assim que raios letais de dólares iluminaram a mente de milicos, políticos, jornalistas, donas de casa, estudantes, dirigentes sindicais, líderes religiosos católicos e evangélicos, camponeses e empresários. Esse mesmo processo foi usado pela CIA no golpe de Estado, na Venezuela, para derrubar o presidente Hugo Chávez Frías.

O senhor Roberto Marinho, proprietário das Organizações Globo, veículo de comunicação que se tornou poderoso com a Ditadura Militar, e que jaz a sete palmos de profundidade, foi um dos empresários que conspiraram para implantar a derrubada do governo. Em um editorial que publicou, o empresário declarou que participou e continuou apoiando o golpe de Estado. Documentos divulgados 40 anos depois, atestam a participação de Washington no movimento fascista que derrubou o governo eleito democraticamente pelo povo brasileiro. A organização não governamental National Security Archives revelou documentos a respeito da movimentação da Casa Branca para encharcar o solo brasileiro de sangue humano. No dia 27 de março, o embaixador norte-americano, Lincoln Gordon, recomendou a altos oficiais dos serviços secretos estadunidenses, ao diretor da CIA (John McCone) e ao secretário de Defesa e de Estado (Robert McNamara) a tomar medidas rápidas para providenciar a entrega de armas, munição e combustíveis aos seguidores do golpista marechal Humberto de Alencar Castello Branco. A entrega seria efetuada por submarinos, sem identificação, ao longo do litoral paulista, entre Santos, Iguape ou Cananeia.

Em conluio com generais golpistas, internos, a Casa Branca articulou a derrubada do presidente que sonhou governar para o povo brasileiro, e em especial para o descamisado. Na data do aniversário do assassinato do presidente Getúlio Dornelles Vargas, o mandatário Jango planejou lançar o plano de reformas de base para fomentar o crescimento econômico do país. Todavia, o embaixador Gordon via nessas reformas um passo para a criação de um Estado comunista. Foi assim que o embaixador estrangeiro pressionou os generais subordinados a apressar o golpe, antes da data marcada para o lançamento do plano de reformas de base. Além de alimentar os militares com a mensagem golpista, o embaixador espalhou o veneno às passeatas pedindo a derrubada do governo, a quem taxou de comunista perigoso. A Casa Branca levou a ralé inculta, em passeatas, a empunhar a bandeira da democracia. A interferência norte-americana na soberania brasileira levou o país a 21 anos de governo ditatorial, comandado por generais de viseira. Foi assim que o embaixador estadunidense encharcou a mente dos membros do Congresso Nacional, das Forças Armadas e da população com sentimentos golpistas, porque desejava um banho de sangue de nosso povo.

Além de ingerência estrangeira, derramamento de sangue e ditadura, a espionagem estendeu-se a todo cidadão brasileiro, amordaçado a baioneta. Nas empresas públicas, os funcionários eram espionados em suas atividades. Na empresa Brasileira de Correios e Telégrafos tinha um oficial de plantão a verificar cada correspondência e telegrama postado. Tudo e todos eram espionados. Muitas décadas depois de governos déspotas, conforme a Comissão Nacional da Verdade, cerca de 26 mil prontuários de funcionários da Petrobrás foram monitorados por agentes do SNI. Denominados fichas de controle, esses documentos continham informações sobre a movimentação dos petroleiros. Os agentes queriam saber se participavam de reuniões de sindicatos e de atos públicos contra o governo ditatorial. As informações coletadas eram usadas para descobrir a tendência política do cidadão. E caso fosse tachado de subversivo, o funcionário não era promovido de cargo.

As passeatas colocaram no poder generais a serviço de interesses norte-americanos, os quais implantaram o autoritarismo, a supressão dos direitos constitucionais, a perseguição política, a prisão arbitrária, a tortura e a censura aos meios de comunicação. As passeatas, a elite dominante, partidos políticos e segmentos religiosos, alimentados pela Casa Branca, levantaram o povo inculto para derrubar o governo democrático de direito. Dentre os muitos líderes políticos que se deixaram encantar com o brilho dos elementos dourados importados, destaque para os parlamentares Amaral Neto, Carlos Lacerda, Adhemar de Barros e Magalhães Pinto (dono do extinto Banco Nacional). Amaral Neto, deputado e diretor do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), foi enfático ao declarar: “para combater este governo eu recebo dinheiro até do diabo”. E muito dinheiro externo rolou para alimentar a elite golpista de carteirinha. O presidente Jango nunca foi comunista.

Com o foco voltado para as Ligas Camponesas que operavam no Nordeste Brasileiro, por meio dos Corpos de Paz, criados pelo presidente John Kennedy Fitzgerald, e, disfarçados de missionários, jornalistas e comerciantes de sucesso, um total de 7.366 agentes secretos norte-americanos foram infiltrados na região, camuflados de prestadores de assistência comunitária à população carente. Apoiados por empresários, banqueiros, intelectuais, elite dominante, políticos e pela Casa Branca, os generais golpistas tomaram o poder para implantar a ditadura, o tipo de democracia que a nação nortista tem para oferecer ao mundo livre. De um lado estavam socialistas, comunistas, nacionalistas e populistas buscando o caminho para o desenvolvimento da economia nacional, do outro lado encontravam-se os que se apoiavam nas tetas da Casa Branca.

No último dia de março, véspera do golpe, o embaixador norte-americano recebeu um telegrama do Departamento de Segurança, de Washington, comunicando que, a partir de Aruba, um navio petroleiro estadunidense chegaria ao porto de Santos (dia 11 de abril) para incrementar a matança. Todavia, na teleconferência do dia seguinte, o envio do navio foi cancelado, porquanto o golpe havia sido desferido por um general apressado. Então, a imprensa norte-americana passou a noticiar que navios de guerra norte-americanos haviam partido para apoiar os generais golpistas. A Casa Branca desencadeou a Operação Brother Sam com o deslocamento de porta-aviões, destroieres e navios carregados com 136 mil barris de gasolina comum, 272 mil barris de combustível para aviões a jato, 87 mil barris de gasolina de avião, 35 mil barris de óleo e 20 mil barris de querosene. Somados a essas embarcações, houve sete aviões C-135 transportando 110 toneladas de armas, oito aviões de combate, oito aviões-tanque e elementos outros para alimentar o banho de sangue humano.

O embaixador estadunidense, Lincoln Gordon, foi o arquiteto do Golpe de Estado, e o general Vernon Walters, no cargo de vice-diretor da CIA, foi quem designou o marechal Humberto de Alencar Castello Branco, seu amigo, comandante da operação terrorista. O golpe teve início com o deslocamento de tropas do general Olímpio Mourão Filho, de Juiz de Fora, em direção ao Rio de Janeiro, no dia 31 de março. Então, na calada da madrugada do dia 1º de abril, o Dia da Mentira, estourou o golpe que foi consolidado às 2h do dia 2. Castello governou até 1967, quando morreu num acidente aéreo bem estranho. Ele queria restabelecer o poder civil. Ao assumir o cargo, o marechal cearense (1964-1967) decretou três atos institucionais, que:

-dissolveu os partidos políticos;

-estabeleceu eleições indiretas;

-cassou mandatos parlamentares;

-suspendeu direitos políticos;

-interviu em sindicatos de trabalhadores;

-demitiu funcionários públicos nacionalistas;

-criou o Serviço Nacional de Informações (SNI); e

-alterou a Constituição Nacional.

O plano golpista não foi uma intervenção isolada, mas o início de uma operação enorme para ensanguentar o solo latino-americano. O Brasil foi o início do derramamento de sangue. Poucos anos depois, a Operação Condor tornou-se mais intensa no Continente. Os governos plantados pelo Pentágono na América Latina mantiveram um estreito intercâmbio de informações. A parceria permitiu que aviões argentinos aterrissassem em aeroportos brasileiros para apanhar revolucionários portenhos que, clandestinamente, penetraram no Brasil. Presos e conduzidos a esses aviões da morte, os ativistas embarcaram de volta, mas nunca chegaram ao destino. Foram amarrados e lançados vivos de dentro de aviões militares sobre as águas do Oceano Atlântico, o modelo de democracia que a Casa Branca tem para oferecer. Para poupar o derramamento de sangue de brasileiros, após o golpe fascista, o presidente Jango deixou o país e seguiu para o exílio no Uruguai. Ele somente retornou, num caixão de madeira, para ser sepultado . E, supostamente, foi envenenado a mando de ditadores fardados.

Ao proferir discurso na Câmara dos Deputados, o parlamentar Márcio Moreira Alves conclamou o povo a não aderir ao desfile militar programado para o dia 7 de setembro daquele ano. Como na reunião do dia 12 de dezembro o Congresso Nacional não atendeu à solicitação de processar o deputado, na calada da noite do dia seguinte, o ditador fardado baixou o Ato Inconstitucional n° 5. O AI-5 restabeleceu o poder presidencial para cassar mandatos, demitir e aposentar juízes e funcionários, acabar com a garantia de habeas corpus e aquecer a repressão militar.

O governo dos generais caracterizou-se pela entrega das riquezas e da soberania brasileira. Em julho de 1973, a Fiat Automóveis S. A. estabeleceu-se no país. O terreno para suas instalações, dotado de toda uma infraestrutura, custou um valor simbólico, e até obteve isenção de impostos por 12 anos. Os generais abriram as portas para monopólios privados que comandam o setor automobilístico, farmacêutico, eletrodoméstico, bebidas, tabaco, têxtil, industrial, mineral, eletricidade e transportes. Aos empresários nacionais que recorriam ao Ministério da Fazenda em busca de dinheiro, o ministro os orientava a vender suas fábricas ou associar-se a empresários estrangeiros. No governo militar do general Ernesto Geisel (1974/1979), suspendeu-se a censura à imprensa, reprimiu-se militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), revogou-se o AI-5, restaurou-se o habeas corpus, promoveu-se a abertura política e autorizou-se o governo norte-americano a elevar a taxa de juros de empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional, de 4% para 20%.

Ao tomar o poder, a Ditadura Militar revogou a Lei de Remessa de Lucros, aplicou o arrocho salarial ao trabalhador, aumentou a jornada de trabalho diário para 8h45, facilitou a importação de alimentos de corporações multinacionais, e fomentou a concentração de terras nas mãos da elite dominante. O crescente êxodo rural em direção aos grandes centros urbanos gerou um exército de sem-terras, responsável por bolsões de miséria. Para quebrar o monopólio do petróleo, o governo do general Geisel, em 9 de outubro de 1975, assinou contrato de risco com empresas estrangeiras para explorar reservas sedimentares de óleo negro na plataforma continental brasileira. Essas corporações ianques são tão incompetentes, que não descobriram uma única gota de óleo negro.

Sabedor de que resistir aos generais golpistas dividiria o Brasil em dois países, o presidente Goulart se afastou para evitar o banho de sangue. O ex-prefeito da cidade de Porto Alegre, Sereno Chaise, compareceu à Câmara de Vereadores do município para ser homenageado, dia 31 de março de 2004, após 40 anos do golpe de Estado. Sereno tinha 36 anos quando foi cassado pelos militares golpistas. Em seu discurso, mencionou dados daqueles dias de ingerência estrangeira em nossa nação. Segundo Sereno, o presidente Jango entendeu que o enfrentamento aos generais golpistas iria dividir o país e o banho de sangue seria tremendo. Nas primeiras 24 horas de combates, a Casa Branca faria o reconhecimento do governo fascista, e enviaria 30 mil fuzileiros navais (marines) para ocupar o Norte e Nordeste Brasileiro.

Sereno exerceu o mandato parlamentar até ser cassado pelo AI-5, e seus direitos políticos foram suspensos por dez anos. Ele ficou preso nos primeiros dias do golpe e, uma vez posto em liberdade, assumiu o cargo até sua cassação, alguns meses depois. O ex-prefeito foi ainda preso por duas vezes. O golpe ficou marcado por uma dupla mentira dos generais golpistas. Na verdade, Jango foi deposto no dia 1° de abril, e não no dia 31 de março. Mas, para que o regime golpista não ficasse conhecido como um movimento ocorrido no Dia da Mentira, os militares passaram a divulgar a data de março. A segunda mentira dos generais foi apresentar o golpe como o salvador da democracia e da liberdade religiosa do povo.

Os militares golpistas chegaram à submissão de acordar com o embaixador estadunidense a entrada de tropas norte-americanas para dar-lhes sustentação política. Com o ato golpista a um governante eleito pelo povo, o embaixador Lincoln Gordon discursou na Escola Superior de Guerra. Quando o general Olímpio Mourão Filho deslocou suas tropas em direção ao Rio de Janeiro, um brigadeiro solicitou do presidente Jango autorização para levantar voo, porque desejava abater as tropas do general apressado, mas o presidente não queria derramamento de sangue. Houve também generais desejosos de ter essa autorização para mobilizar suas tropas. O golpe foi arquitetado pelo embaixador Lincoln, e contou com o apoio da Maçonaria, do Clero, de empresários e de generais exaltados.

Extraído do livro: A Matança Illuminati na América do Sul.

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RNF Cerqueira
Enviado por RNF Cerqueira em 31/03/2015
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