Convivência

Recentemente li um livro de Stephen King chamado 'A dança da morte', que conta a seguinte história: um tipo mortal de gripe se espalha pelo mundo, matando 99 % das pessoas. Os sobreviventes começam então a andar pelas estradas procurando por outros indivíduos, tentando recomeçar suas vidas. Vagando por um mundo destruído, sem recursos nem ajuda, contando apenas consigo mesmos, eles podem percorrer as cidades vazias, pegar gasolina em postos abandonados, mas quando o combustível acabar, quem vai fabricá-lo ? Podem pegar remédios nas farmácias, mas o que acontecerá quando os remédios acabarem ? E se tiverem um problema grave de saúde, quem poderá ajudá-los ?

Com as instituições destruídas, quem organizará as comunidades ?

Os indivíduos percebem então o quanto será difícil a sobrevivência nesse mundo devastado.

Essa história nos mostra uma verdade muito importante: na sociedade todo mundo depende de todo mundo, pois uma sociedade é a soma de todas as pessoas que a compõe.

Porque as coisas funcionam no dia-a-dia ? Por causa de duas bases fundamentais: a especialização e a manutenção.

Cada indivíduo tem uma função na sociedade, desempenhando uma atividade específica.

Para que tenhamos eletricidade em nossas casas, quantas pessoas estão trabalhando na produção e distribuição de energia ?

Para que nos matenhamos informados sobre o que acontece no mundo, quantas pessoas trabalham diariamente atualizando, formatando e distribuindo as informações nas emissoras de rádio e televisão, na internet e nas redações de jornais e revistas ?

Quando pegamos um livro geralmente não paramos para pensar em quantas pessoas contribuíram com os seus esforços, desde a produção do papel, a impressão, encadernação, distribuição e comercialização (sem falar no trabalho do autor para produzir aquela obra) para que ele chegasse às nossas mãos.

Além da especialização das atividades, o que mantém o mundo funcionando é a manutenção do conhecimento e da produção.

Porque continuam existindo os automóveis ? Porque existem escolas técnicas que ensinam a produzí-los, existem engenheiros que pesquisam para desenvolver a tecnologia, produzindo modelos mais avançados de veículos, e existem instalações industriais para construí-los.

Todos os indivíduos, portanto, estão interligados na sociedade, como as células de um organismo. Ao mesmo tempo que exercemos as nossas atividades, utilizamos o trabalho dos outros para atender às nossas necessidades e alcançar os nossos objetivos.

Vivemos numa grande rede de interdependência. Todos os conhecimentos que temos, todos os objetos que adquirimos e todos os serviços que usufruímos foram fornecidos por alguém. Ninguém pode existir sozinho sem o auxílio de outras pessoas. Vivendo em sociedade não podemos fugir dessa realidade: conviver com outros significa dar e receber.

Esse é um dos motivos para nos esforçarmos para conviver em harmonia, contribuindo com a nossa vontade, nossos pensamentos e atitudes para o equilíbrio da sociedade.

Por mais egocêntricos que formos, não podemos negar que somos seres dependentes de outros. Em algum momento precisaremos de informações, recursos ou auxílio de alguém.

Pensemos em tudo que já recebemos e continuamos recebendo da sociedade. Pensemos no papel que desempenhamos no meio social, no quanto estamos contribuindo para a harmonia de nossa família, de nosso bairro, de nossa cidade, de nosso país, do mundo em que vivemos. Pensemos em quantas ocasiões alguém pediu a nossa ajuda. Será que em todas as vezes fizemos o melhor possível, será que demos o melhor de nós ? Quantas vezes podemos ter sido negligentes, poderíamos ter ajudado mais e não o fizemos ?

Lembremo-nos sempre que dependemos da sociedade para viver, e a sociedade depende de cada um de nós.

Se sonhamos com uma vida melhor, o que estamos fazendo para torná-la realidade ? Não podemos apenas criticar os nossos líderes, criticar as instituições. Devemos analisar constantemente a nossa conduta. Podemos constatar que os líderes não são honestos, mas precisamos nos questionar: eu sou honesto ? Podemos apontar as falhas nas instituições e leis, mas devemos perguntar: será que sou melhor do que aquilo que estou criticando ?

Precisamos ter a consciência de que a mudança não deve vir apenas do mundo exterior. Deve partir de nós mesmos, pois sem mudar os indivíduos nunca poderemos promover a mudança definitiva do ambiente onde estamos inseridos.

masaharu emoto
Enviado por masaharu emoto em 31/03/2015
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