DUMA BRASILEIRA AO MUNDO: QUEM SOMOS NÓS?

Complexa tarefa essa de tentar explicar quem somos nós.

É como um desgastante ensaio de nós mesmos.

Brasileiros somos um povo extraordinariamente bom, tal é inegável.

Somos um povo diferente de tudo catalogado na História, a que de fato existe, um povo resistente a danos nocivos perenes e de resiliência humanística a toda prova.

Somos um povo de miscigenação cosmopolita, de cultura cosmopolita, de paciência cosmopolita, de megalomania cosmopolita, de alegria cosmopolita, digamos que até duma certa ingenuidade nem tão cosmopolita assim, donos dum país de Natureza exuberante, dilapidada, é verdade, ops, mas donos de verdade mesmo eu já não saberia dizer se somos e se ainda posso afirmar tal assertiva com tanta ênfase entusiasta e comemorativa.

É que ultimamente confesso sentir que não somos donos de mais nada do tudo que era nosso.

Somos educados, elegantes e complacentes.

Somos grandes anfitriões mesmo nos momentos de penúria financeira.

Oferecemos aos nossos convidados cosmopolitas aquilo que nunca tivemos nem para nós.

É que somos altruístas de DNA.

Somos obedientes e lenientes.

Somos visceralmente passionais, morremos de amores instigados pelas nossas causas...e absolutamente ninguém se aproveita das nossas emoções nacionalistas para fazer famas fundamentadas em inverdades.

Somos legítmos, gostamos da verdade.

Gostamos de discursos e nos contentamos com eles.

Discursos nos alimentam.

Gostamos de futebol, de praias, de carnaval, de cerveja, de chocolate, e de todos os pódiuns que nos conduzam aos melhores do mundo, porque nos urge vencer em algo que nos agregue valores humanísticos pétreos e sustentáveis.

Somos um povo cuja dor real na pele não nos imobiliza: sempre seguimos em frente...acreditando naquilo que nos contam.

Doemos e continuamos a acreditar que tudo não passa de mera dor da impressão fantasiosa.

Quando em sofrimento cronificado ao extremo, acreditamos em miragens também, mas essa qualidade é do ser humano, não apenas dos brasileiros.

Acreditamos quando nos garantem que nascemos, que vivemos com glórias conquistadas e acreditamos inclusive quando, já mortos, os discursos benevolentes nos convencem de que estamos vivos, ainda que ressuscitados nos sintamos como vivos algo ainda mortos.

Somos um povo que sofre e morre junto pelas ruas, mas imperceptivelmente, assim, de meras balas perdidas ao acaso dos dolos.

Somos um povo de excelência tranquila e às vezes, há os que abusam dessa nossa genética festiva.

Mas há também os que historicamente apostam na nossa simploriedade e dela levam infinitas vantagens escondidas.

Somos um povo glamouroso ao mesmo tempo que simples porque somos sempre um só, embora exista situações pontuais que tentam nos dividir na nossa igualdade de Direito.

Mas, juntos, superamos todos os obstáculos impostos pelas diferenças arranjadas.

Exercitamos uma brasilidade de primeiro mundo, inclusive em recentes passeatas cívicas pelas ruas em nome do razoável, o de enã ser furtado a menos nas consciências, quando todos juntos, agradecemos pelo Direito Constitucional às liberdades democráticas que nos foram doadas pelos bons de coração.

Somos um povo que agradecemos pelas dádivas do que nos são de direito humano conquistado na História da humanidade.

Somos um povo que agradece efusivamente pelas migalhas de toda sorte, inclusive as que vêm de intenções escusas.

Pagamos altíssimos impostos de primeiro mundo, nos enxertamos ideias sociais de primeiro mundo e acreditamos nos discursos que nos promovem, sempre a jato, para o primeiro mundo das ilusões.

Não alcançamos o prmeiro mundo nem pelas nossas ciclovias...

Brasileiros somos apaixonados pelas poéticas das poesias inventadas que ecoam aos quatro ventos sempre perdidas ao vento.

Pagamos cada vez mais pelo que cada vez menos levamos.

Atualmente e pontualmente, somos um povo em seca árida, sem águas nas torneiras, e que morre afogado nas águas torrenciais que caem do céu, a mesma água apodrecida que correm pelos rios de lixo poluídos para todos os lados.

Mas somos um povo eficiente nas gestões do tudo de todos.

Lembrando que somos felizes por sermos um dos países com a maior rede hidrográfia fluvial do mundo a morrer de sede!

Decerto que somos um povo algo curioso.

Somos um povo sortudo e até abusam da nossa sorte já algo cansada.

Somos um povo que quieto, morre pela existência dos ratos e dos mosquitos que se multiplicam ao toque dos disseminados abandonos.

Somos o povo mais alegre do mundo a despeito do nosso IDH piorado entre os piores do mundo em desenvolvimento que não se enxerga nunca.

É que boa versação do dinheiro público não traz felicidade...

Somos tão autosuficientes nas nossas necessidades básicas que dispensamos o iluminismo da EDUCAÇÃO.

Por aqui todos nascemos já sabendo os caminhos culturais a ser seguidos para sustentar a vida.

Não guardamos maiores rancores das mãos que nos açoitam.

Até acreditamos que tudo foi feito pelas nossas fomes sem fim, conscientes da inconsciência pacífica reinante, que nos leva a acreditar e aceitar de que nossa fome zero nunca zerou em decorrência contínua de todo o dinheiro drenado de nós sob os nossos narizes sonsos e insonsos, desprovidos de olfato íntegro aos tantos odores escusos, e sob a alegação de crescimento sustentado que não cresce nunca.

Somos um povo liderado pela transparência absoluta que de tão transparente nada do que se fala na retórica cansativa realmente se vê na vida do dia-a dia.

Nossos reis estão nús com a mão nos nossos bolsos...(e faz tempo!) mas ratificamos a todos eles porque somos solidários com todas as causas sociais dos mais pobres, inclusive.

Perdemos empregos, direitos trabalhistas, direitos sociais, saúde segurança moradia...mesmo assim somos um povo resiliente que aprendeu a continuadamente fazer das "tripas coração".

Um coração combalido que bate estupefato e feliz diante do cenário que se descortina ao mundo, tão enganado quanto nós.

Parabéns a nós brasileiros de raça e força, que decerto saberemos algum dia despertar a mudar o destino tão triste outorgado ao nosso país.

Somos um povo laico de fé ecumênica inabalável, eis a maior prova viva do tudo que descrevo.

É apenas por isso que ainda somos um povo...num conjunto de país.

Rogo apenas para que a esperança não nos abandone porque até ela pode vir a desistir da nossa magnitude social.

Esse somos nós, povo de brasileiros, cidadãos candidatos perenes à cidadania do mundo que nunca foi nosso.

Ah sim, acredito que, diante do exposto, Deus também é brasileiro.

É a única explicação para o nosso milagre existencial de...SER, ainda que sejamos brasileiros.