Reprise à Romana

Outra vez o povo está em cena

Outra vez os leões estão a solta

Outra vez nosso mundo vira arena

E o povo vira presa.

Outro réprobo detém nossos destinos

Com seus desmandos,

desvairios e tirania

E tal qual Nero...

- Que incendiou a antiga Roma -

Este incendeia...

Nossa Pátria a revelia.

De seu alcácer

Onde é um intocável

Emana ordens

que profanam nosso povo

Aliado a interesses duvidosos

Decide nossa sorte

Como um tôrvo.

E

De seu cárcere

O povo ainda ouve

Vociferaram aqueles

já na arena...

Enquanto de seu camarote

Mais um Nero...

Aplaude desvairado

Esta cena.

E, em seu fétido poder

até se julga...

Ser um Deus

A quem todos

devam obediência

E

Para compor seus versos

Pobres e lúdricos...

Deixa a loucura

lhe tomar a consciência.

Sua perfídia

Arrasa a esperança

De expugnar a vida

Que o povo vivia...

Restou apenas rendição

A seus caprichos

E na arena

Restos mortais a reviria.

Óh, gladiador dos oprimidos!

Onde estás que não te vemos?

Marcus Vinícius

o povo brada por mudança

Será cristão o destino que teremos?

Será a boca de um leão nossa herança?

Surja dos céus...

Surja do chão,

Surja do mar.

Viaje léguas

e mais léguas se preciso...

Mostre ao escravo

O caminho do Quilombo

E não permita

Que Teu povo seja vencido.