O LEITOR E SUA EXIGÊNCIA ESTÉTICA

Agora entendi: subjacente à observação feita está a visão diferenciada (que temos) quanto à construção do poema e o possível entendimento pelo leitor menos estudado. Em Poesia, há linguagem para todos os receptores. Depende da peça poética que se apresenta aos olhos e/ou aos ouvidos, em áudio. Quem se ajusta ao poema e lhe dá curso – por empatia e gozo – é o leitor. É ele, portanto, o consumidor e difusor da peça posta à mesa para a celebração da palavra. Atinge o entendimento e se locupleta do conteúdo textual o leitor preparado para recebê-lo em sua cuca. Alguns gostam de Fernando Pessoa, Drummond, Vinicius ou João Cabral de Melo Neto, especialmente nos centros mais cultos e exigentes quanto à estética verbal. Outros apreciam Catulo da Paixão Cearense, Patativa do Assaré ou algum repentista amante do cordel popular nordestino. No Brasil do Sul, teríamos como bons exemplos, na vertente regionalista, o poeta Aureliano de Figueiredo Pinto ou a figura ímpar do payador Jayme Caetano Braun. De minha parte, aprecio todos os espécimes, desde que os seus poemas contenham efetivamente POESIA. Esta é minha única exigência estética: que os versos havidos contenham codificação verbal que me faça pensar, porque a isto estou condenado. Sem versos que me levem ao refletir, nada feito. Grato pela oportunidade de reflexão sobre a temática. Em verdade, gosto não se discute, diz o bom senso. Afinal, para se chegar ao poema, à sua lavratura como peça linguística, ou à degustação da obra poética de terceiro, depende da nossa visão de mundo e da bagagem que conseguimos amealhar no decorrer da vida. Tenhamos em conta que cada um de nós é um universo peculiar e único.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

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