POEMA: A FARSA QUE ADVÉM DAS VIVÊNCIAS

Sim, entendo e respeito a tua sensibilidade e os variados modos de observar e conceber. Porém, ao meu modo de ver, o que ocorre em Literatura – particularmente em Poesia – é o relato codificado sobre o fato ocorrido, e não a veracidade integral sobre o (fato) tido, havido ou vivido. E este inspira a FARSA LITERÁRIA, com suas nuanças, que é a "transfiguração da matéria da vida": signos codificados para proteção dos agentes, especialmente no lirismo amoroso. Por exemplo: como se esperar de um homem e/ou uma mulher casados que confessem o seu amor extraconjugal tim-tim por tim-tim em versos ou em prosa? No mínimo, restarão protegidos os nomes dos protagonistas e detalhes comprometedores. Esta situação fática explica que o poema tenha de conter sua necessária codificação através das figuras de linguagem. Caso contrário, a rigor técnico, não se corporizará a Poesia como gênero literário, compreendes? Como digo no texto original em exame: "...criação literária é farsa e fantasia vivificadas;". E, também não é menos verdade que – como bem o dizes – racionalmente: É O ADVIR DAS VIVÊNCIAS... E aquele que não as possui, nada poderá relatar com alguma veracidade, ao menos. Sem esta, não há como convencer o poeta-receptor. Fico muito lisonjeado que estejas dando azo à tua imaginação e debulhando conhecimentos em nossas interlocuções. Desta forma entendo que estamos em confraternidade.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5125434