No caminho
Se há pedras no caminho, não feriram os meus pés a ponto de eu desistir. No entanto, notei que havia um pé de roseira no meio da rua. Da minha janela, apesar do forte temporal, observo aquela roseira. Como pode surgir de repente carregado de rosas vermelhas? Quem a plantou?
Fico torcendo que nenhum carro apareça para não atropelar aquelas flores. Percebo que torcer só não basta, pois se as batalhas vencidas dependessem de torcidas, times que lotam estádios de futebol seriam campeões todo ano. É preciso bem mais que isso. Não poderia mudar o rumo das coisas, mas posso torná-las mais úteis. As plantas nascem, crescem e morrem.
Aquilo me inquietou... Como pode aquela roseira já nascer marcada para morrer. Consequentemente, depois do temporal o trânsito normalizaria e aquelas lindas rosas vermelhas não seriam notadas por nenhum motorista. Como a beleza é passageira, está no caminho. E fica no caminho.
As rosas morrem assim como as pessoas. No entanto a vida carece de sentido. E não pensei duas vezes. Corri até o meio da rua, com todo cuidado arranquei aquela roseira e plantei-a no meu jardim.
Quantas vezes condenamos alguém no primeiro olhar? Educação tem muito disso. Primeira impressão é a que fica ou a que alimentamos? Quantos de nós simpatizamos ou antipatizamos nas primeiras semanas ao percebermos que ele(a) não atende as nossas expectativas? A primeira mudança é pessoal. E o que fazemos para modificar? Entregamos à própria sorte.
Tem aluno que é como a roseira que apareceu no meio da rua. Vimos apenas o quanto ele está inadequado em “nossa” sala de aula. Admiramos o cheiro, a beleza e desprezamos os espinhos... Qual a nossa atitude com a roseira? Tirá-la da rua exige de nós um bom planejamento e carinho às rosas. E ao acolhê-la em nosso quintal teremos que dedicar uma atenção maior, até sentir-se segura e voltar a florir. Com o nosso aluno não é diferente. Difícil? Sim, mas notá-lo além dos “espinhos” poderá ser o primeiro passo.
Abraços baianos,
Elisabeth Amorim/2015