UM PARCO POETA ÓRFÃO
Um parco poeta órfão que sou
Não posso conhecer os limiares da poesia
Antes de acabar de chegar a este mundo
Perdi minha madre, a liberdade
De dizer aquilo tudo que se produz
Em meu cérebro; cujo significado
O meu coração palpita mas não dita.
Mal eu me entendia como órfão da liberdade
Veio-me outro duro golpe: a certeza de saber
Que na pobreza nasci, cresci, vivo e estou já morrendo
Mas, ( perguntando-me) serão a pobreza ou a riqueza
Tão importantes e comparáveis à liberdade?
Não! É aí justamente onde paro e penso
Que o mundo me faz somente
Um parco poeta ao desespero de viver.
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Salvador-BA, 27/01/1976.