NOS CRAVOS DA CAVERNA

Ouve-se um grito de espanto nos arredores das montanhas, cerco do círculo da vida. A curiosidade desperta a pressa, o som agora se faz mais próximo. A celeuma é tônica ainda que adormecidos. De uma caverna esculpida no topo da montanha um homem ousa dar a sua visão o alcance da luminosidade. Agora toda cordilheira e os vales lá adiante são deslumbre nesse novo espaço nobre. Medo e surpresa se misturam no silêncio do observador que procura traduzir essa descoberta como a ação de uma livre mágica que liberta da cartola o coelhinho assustado e com ele toda uma angustia sufocada. Com sensíveis pensamentos aflorados, sua mente impetuosa o acorda. Está fora da caverna. Desalentado do susto, o homem agora se vê como imã a luz propiciadora que o convida a separar-se da escuridão, invólucro absinto, para viver nessa vida sob o foco branco guardião das multicores no novo recinto. E o homem pensa: Há muito tempo não acordo no uso do esquecido tempo. Com meus olhos por diante abertos, não mais precisarei as pupilas dilatar para na escuridão não tropeçar. Os cravos da caverna são corrosivos pela ferrugem do buraco negro. Não mais serão presilhas para esse homem o segurar. A luz fora da caverna é plenitude do renascimento. É uma nova conquista que a vida oferece como única e verdadeira companheira para todos os momentos. A decisão desse homem emigrou para ele forças. Tudo na vida parte de uma decisão. DECIDA-SE

Jair Martins

Buriti, 19.01.2006 – 23h57