SONHO

Sonhar é vibrações sentidas pela atração do querer. Quando sonhamos toda uma expectativa permeia o abstrato pra transformá-lo no concreto das nossas ambições.

Com o sonho, as apostas de esperança, fertilizam o fulgor da realização. Adotar um sonho é atrair, é invocar a contextualização da nossa história no espaço inexistente.

Quando sonhamos habitar em castelos ou simplesmente em uma casinha no campo, não imaginamos que poderão ser demolidos antes mesmo da sua edificação concreta. Da forma que as ferramentas em ações e sentimentos os modelam, escopo degenerativos de grande peso os demolem com um único arremesso através da palavra, de uma atitude, de um pensamento ou mesmo de um resultado bloqueador, todos imbuídos na insensibilidade. Logo pensamos que a nossa capacidade nos traiu, que fomos trapaceados. Bate a nossa porta a decepção e a tristeza. Esvai-se pelo ralo todo o ânimo. Fecha-se a porta principal, entrada da realidade a grande personalidade conhecida pelo nome razão. O desmonoramento atinge esse sonho no paradoxo com o real das nossas fantasias. Sentimo-nos perdedores. Avalanches de pensamentos mesquinhos parecem bloquear nosso rumo. Com a visão turva, as paisagens são espantalhos. Enclausuramo-nos crentes de que essa é a melhor solução; o silêncio para nós mesmos. No íntimo a vergonha de um fracasso que na verdade não houve, martiriza a alma. A vaidade o criou, a prepotência o pôs na redoma. Passamos agora a usar no peito a faixa de derrotados. Revestimo-nos de uma couraça sabedores que será por pouco tempo. A realidade é mais forte e protetora. Aflorará com a sua peculiar simplicidade.

Reconheçamos tais sonhos não nos pertenciam, principalmente quando ele é um desenho na tela da dependência de algo ou de alguém.

Como “otimistas” estamos prontos ao “tudo vai dar certo”, esquecendo que em nada temos a ultima palavra. Haverá sempre um “se”, o qual propositadamente não o enxergamos dado o nosso absolutismo de crença e do egoísmo.

Mas, sonhar faz bem! Devemos sonhar correr atrás deles. Ainda que abstrato é o alicerce das grandes construções dentro da mente. O sonho tem sentido de estabilidade a porvir. Ele é passarela do desfile de um tempo que cremos admirável e cheio de graças.

O erro é entregar esse crédito a uma agência produtora de devaneio (confiança em extremo) passível a falência. Ai, quando se dá a ruptura desse enlevo, o azul da nossa liberdade de posse de os tê-los desnuda-se ante a nossa impotência.

Todo e qualquer sonho perdido é porque era feito de fumaça.

Todo sonho é vulnerável a dissipar-se.

Não sendo nós os culpados.

Jair Martins

18/12/2014 – 21h14