ESCRITURA DO BEM E DO BELO

Peço que dês uma revisada com relação ao que afirmaste: "Não concordo com sua opinião quanto a usar de asco e maledicências na criação.". Em nenhum momento aconselhei ou sugeri o uso de palavras pejorativas ou maledicentes no texto poético, certo? Observa bem o que está dito no escrito acima: "Porém, a maledicência com palavras carregadas de asco e pejorativos, dificilmente combina com a natureza do texto poético. A arte se destina a inovar o cânone estético e não a achincalhar o pátio da criação" (sic), in "O POEMA É EXCLUSIVO DO AUTOR?", conforme http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/5099682 . Como bem podes ver - ao teor do aqui copiado - tu concordas com a minha afirmação, correto? Então, o que desejo com a utilização desta frase? Alguns autores despejam no poema "a boca do inferno" em palavras, muitas vezes utilizando vocábulos chulos, de baixo calão, e este aporte não tem – como exemplar em Poesia – o acolhimento capaz de caracterizar o poema (com Poesia) em seu aporte estético. Poema é peça eivada de beleza, estilo e proposta sugestional capaz de levar o poeta-leitor à ESTRANHEZA e à fruição do GOZO que a estética permite. O poema não pode destilar o veneno, a peçonha que, muitas vezes, ocupa o coração do autor indignado com determinado evento ou fato ocorrido no mundo, na vida real. Poesia é linguagem codificada, nunca aberta e maledicente. O poema pode conter a dureza do amargo cotidiano de uma pessoa, porém, em regra, é pleno de linguagem doce e sutil – um bálsamo. Fora disto, o texto é prosaico e não poético. A linguagem em prosa, direta, não metafórica, não tem este condão de doçura nem o encantamento com que o poema nos acena. São duas especificidades: uma diz, a outra sugere...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5101904