VERACIDADE OU FINGIMENTO?

O que tento deslindar em O LANCE ORIGINAL (o mundo a salvo das injustiças), em http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/5094817, é o processo de criação, preponderantemente em Poética, talvez por experimentação pessoalizada. Segundo o meu modo de ver, entendo que é de bom alvitre e oportuna, a tentativa de desvendar raízes psíquicas para o ato literário no justo momento da inspiração (e até mesmo anterior a ela) quando se formam, no ego e no alter ego, os signos verbais com que se poderá – ou não – traduzir a realidade, o mundo dos fatos, formatando a emissão sensitivo-intelectiva. Não sei se teríamos (como questionas) uma visão moderna ou contemporânea sobre a missão do poeta, mas, sim, fortemente acatada a heteronímia do mestre luminar Fernando Pessoa, nas décadas de 20/40 do século XX. Assim como Sigmund Freud foi pioneiro na psicanálise e outros o seguiram, espraiando a questão, Fernando Pessoa, o gênio poético de nosso idioma, cumpriu a sua parte, identificando e nominando os seus alter egos, pioneiramente. Outros o seguem, procurando avançar em profundidade e questionamentos. Sou apenas um grão de areia, depois de quase um século de discussão da temática. Há anos aduzo e insisto que o Ego não compõe Poesia, não dá luz à sua materialidade, o POEMA. O Ego somente dará à luz a realidade fenomênica PROSA, porque naquele cadinho criacional – o poético – a emoção tem absoluta preponderância, e nesta, tanto na narrativa longa como na curta, a intelecção (o pensamento abalizado) prevalece e cria a trama, veraz ou ainda que fingidora, atendendo ao vezo da lucidez e ao talento autoral. Sinto que, em mim, como autor, estão presentes os "fingidores" apontados pela genialidade pessoana. Sim, a missão do poeta é a de RECRIAR O MUNDO NAQUILO EM QUE ELE LHE É HOSTIL, porque, no criador poético, o essencial é chegar o mais próximo possível da Felicidade...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5095906