O AUTOR E A ÂNSIA DE SER RECONHECIDO

Tenho tão pouco tempo pra mim (trabalho tanto como literato) que não chego a tê-lo disponível pra tornar possível o exercício da vaidade pessoal. No entanto, teoricamente, acho que o escritor não possui a tal VAIDADE tal como se vê no lugar comum da vida, entre os viventes de todo gênero... O que penso é que o escritor percebe (e isto o incomoda muito) que o tempo vai-se escoando solerte, e a sua obra interessando a poucos, num andar sempre paulatino e descolado dos desejos do autor. O que o escritor/poeta possui é uma profunda ânsia de RECONHECIMENTO da sociedade de seu tempo de viver. Vários vão mais longe neste pautar: cortejam a fácil popularidade.

Além do mais, cada pessoa vê o mundo segundo o concebe, e assim vai formatando a sua ótica. Como escritor, vou mais longe, espalho aos leitores o que me dá na cabeça sobre como antevejo e recebo o mundo, nas retinas e na minha cuca. E já tenho alguns preclaros discípulos, como obtiveram Platão e Aristóteles, na Grécia antiga, ou como Horácio, o príncipe dos poetas latinos, ao tempo de Cristo. E isto me faz muito responsável para com aquilo ou aqueles a quem tive a alegria de cativar, como dizia o principezinho de Saint Exupéry...

Ao demais, quanto à coletânea JOAQUIM MONCKS & AMIGOS, editada pela UBE de Canoas, em 2011, não tive nenhuma participação na elaboração da obra, nem na indicação de nomes para a peça autoral. Quem se predispôs, participou da mesma. E eu fiquei muito honrado com a participação de muitos amigos, que não são necessariamente poetas ou escritores destacados esteticamente. Alguns são diletantes, estimados iniciantes, que me honraram com os seus nomes e suas obras. Não tenho nem ideia quando surgirá outra reunião de amigos em livro. O mérito consequente, na obra citada, foi de Neida Rocha e sua pequena equipe junto à editora Alternativa – a do Milton Pantaleão... Entendes?

Boa noite, e que a minha obra te proporcione bons momentos de prazer e gozo. Trabalho muito com a codificação do texto e a subversão do sentido original da palavra, que se corporifica na metáfora. E sem esta figura de linguagem, não há como se identificar o poema com POESIA.

Sobre o associativismo e problemas locais, eu não sei responder sobre causas ou até mesmo sobre os eventuais efeitos. Um escritor pode ter um bom texto e não ser líder, ou ser excessivamente metido a sebo, e então, não logra inserir-se no grupo, a ponto de ser respeitado. Muitos acham que cada poema, cada prosa ou livro terminado é o último best seller - segundo a sua ideia - e que merecerá o Nobel de Literatura.

Destarte, há muita gente que se aplica no que faz, sabendo que chegar ao ápice estético-narrativo é tarefa que dele não depende, e sim do estimado leitor e dos aficionados aos livros. Feliz de quem pode contar com uma meia dúzia deles, em mais de quarenta anos de produção...

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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