O TERMÔMETRO

Observando com cuidado, consigo entender melhor a tua interlocução sobre o texto em que apontas a existência do "hermetismo", e que, segundo asseveras analiticamente, encontras em todo o bom poema, enfim, o belo estético que convida à reflexão – aquele que faz o leitor raciocinar, que é o ir além de suas aparentes palavras, vindo a formar corolários ao pensar originário. E este “refletir”, no texto, deixas muito claro em tua observação. Então, admitido este sentir sugestional, entendo que estou perdoado pela eventual falta de clareza no meu texto. Trabalho com alguma vária linguagem e riqueza de vocábulos. Nunca me perguntei muito sobre o que conceituar como “hermético”, porque aprecio a novidade, a subversão encontrável no texto, e esta, normalmente, delata a originalidade da criação autoral. Em regra, o Novo, em Poesia, contém variáveis graus de complexidade, especialmente devido à codificação da linguagem e o seu expressar-se em sentido conotativo. Ainda mais quando o autor já começa a apresentar alguns recursos estilísticos, fugindo ao mero diletantismo do escrever. Eu chamo de "termômetro" o leitor que nos causa espécie por suas observações pontuais, e presta ajuda aos outros pelo refletir sobre o texto em voga, mormente nas interlocuções literárias que ocorrem nas redes sociais. Sem ouvir o poeta-leitor e o seu entendimento, não há como saber se o texto atingiu o alvo e logrou comunicar-se. Aliás, é muito curioso, pois este alvo só se mostra visível depois que o texto fisga o receptor.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/5070579