Carta a um semelhante
O que nos une (a semelhança) encontra ponto de intersecção na diferença. Esta é talvez nossa característica mais estreita. Sou pra você o que não sou pra mim e vice-versa sucessivamente. Sim, uma sucessão de concepções. Por isso, sobre mim e você, tenho a declarar:
- seja sempre sensível - me olhe como gostaria de ser enxergado, me abrace e me respeite, mesmo que não seja eu quem vai lhe dar a contrapartida. Jamais me provoque ou faça pirraça. Posso não ser quem você espera e minha ira custaria punições desproporcionais.
- seja sempre sensível - sim. De novo. E quantas vezes forem necessárias. Não espere meu alerta para que você mude. Não espere que eu sempre te diga o que estou sentindo, muitas vezes bastará que você olhe para si mesmo e saberá como me sinto. (justamente porque somos diferentes lembra?)
- seja sempre sensível - (não vou explicar a repetição) coloque-se na minha pele antes de julgar e assim sempre estaremos juntos. Você sempre saberá e eu sempre saberei de você. Estaremos juntos pela diferença com a qual nos olharemos, desde que sempre de forma sensível.
-seja sempre sensível - se nunca mais você conseguir fazer nada disso, se nunca mais você conseguir me olhar como gostaria que eu olhasse ou nada mais, me presenteie com o seu respeito. Seu silêncio, seu bom-senso, mas nunca sua indiferença, pois existo e sempre existirei, independente da sua aceitação.