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Desando por descaminhos de uma quase vida.
Ultimamente rabisco silenciosos gritos
percorro ruas sem espaço nem tempo
Ando sem rumo e sem prumo
Desacertando o passo.
Há luzes e escuridões
Em meus eus desencontrados
E uma quase poesia perambula
Por esses becos insólitos.
Não sei porquê a poesia insiste
Em tocar-me a tez.
Como quem tenta uma ressuscitação
Querendo trazer um ser em quase morte à vida.
Às vezes brisa suave, ora tempestades, vem a poesia
Atentar-me à vida, ela diz: Vem!
Mas nem sempre vou
Como um pássaro sem norte
Há um mergulho certeiro pelos cânions
E em suas profundas e insalubres fendas
Aperta-me a alma
Sufoca-me.
Até que em uma tentativa louca
Eu volte à tona e em um voo decisivo
Decida pela vida
Que hoje tem um tom escuro
Como asas de uma sombria mariposa!
Meus temores e fobias concretizados
Nessa incerteza de se haverá um amanhã.
Um horizonte com alguma luz e calor
Até que venha a finitude
E apague definitivamente
Essas nuances de vermelho-vida
E amarelo-alegria.
Que vivem no mais profundo
Do meu eu.