FRUIÇÃO DO FRATERNO

Logo tu que não te dizias artífice da Poesia, apareces agora, fazendo prosa poética e compondo frases em que utilizas o comparativo "como" em aberta linguagem em sentido conotativo parcial? Então, só falta o aparecimento dos signos metafóricos (profundos) para que se revele o criador poético que habita o teu alter ego... É este o hóspede-poeta que nos ocupa, por vezes, quando a voz do mistério se manifesta. O EGO não pode, por sua natureza, e mesmo que queira, nunca chegará à Poesia, porque é egoístico e individualista, e a Poética é a humilde voz dos fraternos – aparentes e reclusos, como algum(s) alter ego(s) ainda não descobertos – em êxtase de irmandade, assentada na estética surpreendente do alumbramento e da estranheza, e não somente no beletrismo da forma. A Poética há de ser o exercício do traduzido milagre subjacente à CONFRATERNIDADE, aquela que é tão funda e tão doce, que se concede e se revela até na palavra circunstancial, através de inusitadas setas de ternura para atingir o irmão em sua protegida ingenuidade ou egoísmo... Todos te somos gratos. No mundo dos fatos, o sarau poético-musical em tua casa foi glorioso, de uma harmonia e benesses ímpares, que fico esperando a próxima data para um novo convívio. Sim, o Absoluto está dentro de nós, o que faz falta é reconhecê-lo e praticá-lo no FRATERNO, com desprendimento e entrega plena. Tal como aconteceu na oportunidade. O restante se perfaz em nós, tal as retemperadoras águas das cascatas e os sonhos de fruição do bem comum e de justiça social, que nos tornam mais e mais merecedores da condição qualificativa de respeitosos da multifacetada condição humana.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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