O OLHAR AMOROSO

Percebo que não obtenho do Absoluto nenhuma unção extraordinária – a não ser a bênção de ainda estar neste plano – e sim, como bem o dizes, move-me em vários momentos alguma fagulha dos deuses míticos que me incandescem em direção à curiosidade de tentar saber como a Poesia se perfaz no espírito humano. E o fato de estar vivo leva à condenação de refletir sobre tudo o que ocorre com o espiritual e suas manifestações – em mim e em meu irmão escriba. E mais: não consigo encontrar obviedade nem na criação poética nem na classificação literária dos textos, porque tudo está na razão direta da potencialidade da INTUIÇÃO, principalmente nos novos e novatos. Então, humilde e pleno de graças, vou tentando lavrar – aleatória e sensorialmente – o que o mistério do criar relata-me em surtos expressados através de parcos vocábulos densos de codificação verbal. E perfaço com este sentir os atos de envolvimento no amor (de amar) ao Outro através da Palavra. És uma dessas pessoas que sabem o quanto amo e admiro a especial dedicação de alguém à vida e à arte, enfim, de quanto valorizo esta conduta incomum. De ti, quando da utilização da bênção da fala, do discurso analítico, tudo flui com generosidade e desprendimento. A este agir, sem dúvidas, eu chamo CONFRATERNIDADE entre os iguais. E me sinto abençoado...

– Do livro O CAPITAL DA PALAVRA, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/4853846