QUE PALAVRA QUERES DE MIM?
NA NOITE DE 08 DE JUNHO DE 2014
Afinal, que palavra queres, que palavra esperas de mim? Tu sabes, acaso, que palavra esperas de mim? Tu imaginas, acaso, que palavra eu,desde sempre, espero de ti?
Se eu te dissesse "vem", tu virias? Não me restam forças para te dizer "vem". Não sem alguma ajuda tua.
Em verdade não tens - nunca tiveste - a coragem para te defrontares com o meu sim, nem com a possibilidade de um meu não. Digo "coragem" para não dizer outras palavras, que explicam muito, também, de não conseguires te defrontar com o meu não ou com a possibilidade de um meu sim.
Os escuros nos cercaram, os escuros dos tempos todos. Os silêncios dos telefones mudos - nestes dias o meu não anda funcionando, mesmo, e não tenho qualquer ânimo para tentar consertá-lo . Há quanto tempo nos tornamos estes seres virtuais,estes seres que além de só se verem uma vez por ano, no redemunho do mundo, nos restos do tempo apenas se "falam" por e-mails? Há séculos, meu Amigo.
O que te posso dizer é que não consigo conceber a possibilidade de vivermos assim como temos vivido, há milênios, vivermos assim até o derradeiro dia das nossas vidas neste mundo. Como eu poderia partir sem ter, antes disso, um momento que fosse, só nosso, de olho-no-olho, longe ambos dos tantos olhares a nos contemplarem desde sempre, com tanto cuidado, com tanta perspicácia, olhares diante dos quais temos passado a vida a ocultar os esconderijos nos meus olhos, nos teus olhos? Os esconderijos onde nunca tivemos a coragem de tentar viver...