O frio que vem de dentro.
Recebi este texto e concluo infelizmente que não se trata de fábula, é verdadeiro, atual e rotineiro. As pessoas economizam carinho, amizade e fraternidade por motivos diversos (medo, orgulho, rejeição, ódio, egoísmo, preguiça, preconceito etc..) e mesmo equipados (amor) morremos carentes.
Há dentro de nós um pouco de cada um destes homens. Como assumir?
Às vezes notamos que ser uma pessoa bem sucedida, justifica para alguns, ignorarem durante o caminho as necessidades de quem esteja ao seu lado. Conseqüência de uma sociedade narcisista e individualista. Inútil buscar a origem ou a culpa por esta cultura. Talvez repensar nossos conceitos não seja pouca coisa.
Receita Simples: Sua lenha. Minha lenha. Estaremos aquecidos... e vivos !
“Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve.
Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro.
Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam.
Eles sabiam que se o fogo apagasse todos morreriam de frio antes que o dia clareasse.
Daí, chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira: era a única maneira de poderem sobreviver!
1) O primeiro homem era racista.
Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura.
Então, raciocinou consigo mesmo: “Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro”. E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais.
2) O segundo homem era um rico avarento.
Estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida.
Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas.
Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro, pensou: “Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar”.
3) O terceiro homem era negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento.
Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina.
Seu pensamento era muito prático: “É bem provável que eu precise desta lenha para me defender.
Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem”. E guardou sua lenha com cuidado.
4) O quarto homem era um pobre da montanha.
Ele conhecia mais do que os outros, os caminhos; os perigos e os segredos da neve.
Este pensou : “Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.”
5) O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava.
Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.
6) O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho.
Seu raciocínio era curto e rápido. “Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos gravetos”.
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente apagou.
No alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha.
Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse: “O FRIO QUE OS MATOU NÃO FOI O FRIO DE FORA, MAS O FRIO DE DENTRO”.