O POEMA É CRIAÇÃO FRATERNA

(a Maricler De Campos Ruwer, poeta)

Poeta da Confraternidade, me chamas... e geras a alcunha benemérita, ratificando o que prego, e o faço por minha verdade. É bem por aí, pela fixação destes valores que procuro lutar, desejoso que o fraterno seja uma constância entre os irmãos de Letras, especialmente. Porque há muita gente vaidosa e possessiva que adere à axiologia e outras práticas do lugar comum da vida: seus preclaros hábitos de competição e rasteiras. Como se o associativismo cultural rendesse dinheiro em pencas... E o que se dá é exatamente o contrário: gasta-se muito com as ações culturais e não há retorno objetivo para o ativista cultural. Percebo, com tristeza, e isto há mais de quarenta anos: o que os colegas desejam é a luz dos refletores sem nada fazer de aproveitável ou distinto da mediania. Esquecem que, particularmente para o poeta, a eventual hipótese do sucesso ocorrerá depois desta passagem... Num país que lê pouco, a arte da palavra é descoberta para além do tempo de viver... Ao me aperceber disto, sosseguei os alter egos desejosos de mídia, e se aplacou em muito o meu ego inquieto. Aceito, de bom grado, o teu convite à Confraternidade. Há muito fiz dela a clava de suporte para os meus joelhos rotos de agradecimento ao Absoluto.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/4785347