O valor de cada um
Muitas pessoas são discriminadas por sua aparência, pela cor de sua pele, por sua condição social, por seu nível intelectual ou por suas crenças. Há algum tempo assisti a um filme sobre a biografia de uma cantora americana negra dos anos 1950. Durante uma turnê ela se hospedou num hotel. Depois de descansar um pouco em seu quarto ela desceu até a piscina do hotel, e os funcionários insistiram para que ela não entrasse na água. Percebendo que o motivo era o preconceito racial (devemos destacar que nesse momento ela já era rica e famosa em todo o país) ela disse que concordava com a sugestão dos funcionários de que ficaria mais confortável em seu quarto, e antes de sair dali fez uma brincadeira: agitou a água da piscina com os dedos dos pés. À noite, ao passar novamente pela piscina, viu que ela tinha sido esvaziada e vários empregados estavam esfregando com sabão as paredes da piscina, apenas porque ela tinha colocado os dedos na água. Naquele ambiente, portanto, o que importava não era a sua condição financeira nem o seu talento artístico - a única coisa importante ali era a cor da sua pele. Esse exemplo nos mostra até onde pode chegar a força do preconceito.
Mas, acima de todas as idéias errôneas e visões distorcidas da realidade, como se pode medir o valor de uma pessoa ? O valor real de um indivíduo está em duas coisas: o seu caráter e a sua experiência adquirida. O patrimônio fundamental de cada um de nós é formado pelo conhecimento que adquirimos ao longo do tempo, não apenas pelo conhecimento aprendido nas escolas e livros mas também pela sabedoria que acumulamos, pela capacidade de julgar corretamente as coisas, de conduzir as nossas vidas, de aprender com cada situação, com cada experiência boa ou ruim que a vida nos apresenta; e a nossa riqueza individual é formada principalmente por nosso caráter, pelas qualidades que desenvolvemos, pela capacidade de amar, pela tolerância, respeito, gentileza, serenidade, organização e companheirismo que demonstramos na convivência com o próximo, pelo bom senso de pensar antes de agir, contribuindo para o equilíbrio e o crescimento intelectual, emocional e moral de todos. Há um trecho de uma música popular que diz: 'Se todos fossem no mundo iguais a você, que maravilha viver !' Devemos pensar: se todas as pessoas do mundo fossem iguais a mim, será que a Terra seria melhor ? Quando a resposta for sim poderemos ter a certeza de que estamos no caminho certo para nos tornarmos indivíduos realmente conscientes e valiosos para a comunidade onde vivemos. Como disse o grande escritor Berthold Brecht, não basta ter sido bom ao deixar o mundo, é preciso ter deixado o mundo melhor. Perguntemos a nós mesmos: o que estou fazendo para tornar o mundo melhor ? E tenhamos consciência de que o mundo é formado por pessoas, e a realidade mudará somente quando as pessoas mudarem para melhor.