RECADO A UM AMIGO

NA MANHÃ DE 07 DE ABRIL DE 2014

Toda a questão é que eu sempre te levei a sério, de verdade. A grande questão é que te levo a sério, visceralmente, há séculos. Por te levar a sério assim, acabei por colocar em risco todas as estruturas da minha vida, principalmente as da minha sanidade. Para quê? Para ver o que vejo? Para ler o que leio? Para ouvir o que ouço? Ah, louca! E não posso culpar-te nem a quem quer que seja. Não tenho vontade de ler livros de autoajuda, ainda que eu não tenha nada contra eles. Tenho, ao longo dos anos, sobrevivido com meus próprios textos de autoajuda: meus textos-catarse, meus poemas. Tenho a sensação, neste momento, de que eles, meus textos, meus poemas, me ajudaram a enlouquecer mais.Tomara a sensação passe. Não quero enlouquecer nenhum psiquiatra nem psicoterapeuta.Só remédios que anestesiem o possível da vida que me coube e que me cabe. Têm que bastar. Repito: não tenho ninguém a quem culpar, assumo, sozinha, o ônus de tudo. Não é, simplesmente, uma questão de auto punição. Não o é.

Apesar dessa Dor, inacreditável, inenarrável, impossível de equacionar pela Razão, sabes que podes contar com a minha fidelidade sempre, Amigo. É desde sempre tarde demais para mim, para esquecer. Só preciso aprender a sobreviver ao que sinto por ti. Só preciso aprender, sozinha, a sobreviver.