Cuidado com os Feedback
Luciana Carrero
Algumas vezes encontro, nas interlocuções (comentários), certos conceitos construídos sobre frases de efeito, sem nenhuma ligação com alguma comunicação real; ou ainda elogios fáceis de colegas. Lembro-me de que, na Faculdade de Ciências Administrativas, os professores brincavam conosco, com jogos de palavras-chaves, para montar uma espécie de proposta vazia, com certa aparência técnica, para impressionar plateias desavisadas. Era uma lista de, por exemplo, 50 palavras técnicas de economia, direito, etc., que dispostas de modo aleatório, formavam uma proposta com estofo de científico, para qualquer ocasião discursiva. O sentido era mostrar o quanto podemos ser enganados por balelas. Somente dois exemplos, tomando vocábulos, ao caso: "Precisamos realizar uma AÇÃO INSTITUCIONAL SISTEMATIZADA" ; "proceder INVESTIMENTOS RACIONAIS PERPENDICULARES" (para resolver uma situação administrativa). E por aí, com criatividade, iam-se criando conceitos vazios possíveis para iludir plateias desavisadas. (E os néscios do auditório, pagantes pela participação na Conferência, batiam palmas, sem saber o que queriam dizer tais embustes). Na verdade, não queriam dizer nada. Sou bem prevenida e não sou néscia. Nem é bom perder tempo para pedir ou esperar esclarecimentos a posteriori, porque quem usa deste artifício vai sempre criar um emaranhado com as mesmas ou outras palavras, num conceitualismo vão que você certamente não vai entender. E quem passará por néscio desavisado e receberá chapéu de burro, será quem? Como não devo nada a ninguém, em termos de cultura existencial e literária, não tenho medo de dizer verdades, doam a quem doerem. Assim, quando me posiciono como neste comentário, não raro encontro enxurradas de respostas agressivas, para as quais estou vacinada. Não me causam nenhuma dor de cabeça, e nem preciso tomar nenhum analgésico. Basta ficar inerte, com minha carapaça de indiferença. "Macaco velho não mete a mão na cumbuca", foi o tema que a professora do curso primário deu-me para escrever uma redação, há 56 anos, para a admissão ao ginásio. Difícil para uma criança de 10 anos, mas que tirei de letra e ainda abocanhei uma menção honrosa. Aí comecei a minha literatura. Malgrado ser uma desconhecida do grande público, não preciso montar charadas para aparecer. (risos & mais risos e Cia. ilimitada) - Te cuida, escritor! Sou tua irmã, admiradora, amiga, sempre, e posso dizer-te que não precisas de "reports" de ninguém para conduzir tua arte máxima. Não escreva para agradar aos outras. Diga a sua verdade!