RAÇA DE HERÓIS -Capítulo 44 - A Violência no Mundo Atual

Capítulo 44

A Violência no Mundo Atual

Vivemos em um mundo onde observamos a violência, diariamente, pela vista de nossas janelas. E com isso vamos nos acostumando com ela e achamos-la normal. É contra isso que temos que lutar, contra a submissão, a complacência com o que está errado. E essa violência vem sob variadas formas: líderes com membros de suas equipes, pais com seus filhos, filhos com seus pais, cenas televisivas, músicas deprimentes e obscenas, abuso de autoridade, comentários maldosos, críticas mordazes, conclusões precipitadas a respeito de pessoas e situações, preconceitos e pré julgamentos.

A nossa imprensa, não toda, tem feito muito isso. Tem jogado muitas pessoas e órgãos uns contra outros. É por isso que devemos ter o devido cuidado com o que lemos, vemos e ouvimos. As emissoras televisivas, os jornais, as revistas, os livros e a Internet exibem certas imagens ou cenas com o intuito de convencer o telespectador a agir e a pensar de acordo com o interesse de seus donos, diretoria e patrocinadores. Informações são manipuladas, outras escondidas e algumas forjadas.

Algumas novelas têm como tema a violência e o sexo, mas fazem deles algo que, mesmo sendo orgíaco e deturpador, se torna atraente e prazeroso. A violência e o sexo devem sim ser discutidos e debatidos, porém de uma forma a não incentivar a prática desequilibrada desses como uma coisa excitante e compensadora.

Tem-se falado muito em trabalhos com presidiários, detentos, menores infratores, realizando testes psicológicos, oferecendo trabalho, palestras e outras atividades. Esses trabalhos têm dado resultados muito bons, sem dúvida, mas trabalhos assim deveriam ser realizados com policiais, delegados, promotores, juízes, desembargadores, diplomatas, empresários e autoridades em geral que se julgam na condição de doutrinar e recuperar alguém, quando na verdade são capazes de atrocidades e barbaridades muito piores que aquelas cometidas por esses que são tidos como infratores e delinquentes.

Um filme muito comentado por todos tem sido Tropa de Elite. Recentemente, assisti uma entrevista, se não me falha a memória, às vezes falha, na TV Brasil, antiga TVE, do verdadeiro Capitão Nascimento. Nessa entrevista ele falou que atitudes violentas jamais venceriam a criminalidade. Ele estava certo ao dizer isto.

Policiais sem personalidade e facilmente influenciáveis e com um certo pendor a práticas violentas, se alimentam de filmes como esses para exercerem a violência que guardam dentro deles. Descontam nos civis suas frustrações, achando-se melhores e superiores por estarem vestidos com uma roupa de cor marrom, boné e um distintivo, ou por fazerem parte de um corpo judicial. Eles não podem se esquecer que antes de serem policiais são cidadãos, sujeitos aos mesmos direitos e deveres que qualquer um de nós, também cidadãos. Muitos se julgam superiores a qualquer lei e que podem descumpri-la por portarem uma patente ou uma credencial. Com os conhecimentos que possuem das leis, as autoridades são que em primeiro lugar, deveriam agir de acordo com ela e não fazerem dela motivo de revolta e injustiça.

Nesses concursos e testes feitos para a admissão em uma carreira pública e militar deveriam ser avaliados fatores como humanidade, solidariedade, compaixão, tolerância, e não só aqueles testes matemáticos, fórmulas de física e química que servem para comprovar se a pessoa decorou como se faz aquilo. Solidariedade, compaixão, tolerância, humanidade não se decoram, apreende-se, assimila-se e faz-se, espontaneamente. As entidades que preparam aqueles que irão nos proteger através de provas e treinamentos têm uma metodologia de trabalho um pouco fora do contexto do caráter humano.

Recentemente presenciei um policial abordar um grupo de garotos e revistá-los, e ao passar a mão pelo corpo de um deles, este lhe falou algo que eu não ouvi, mas vi a reação do policial que foi a de dar um tapa, com força, na cabeça daquele adolescente. Assim sendo, lhe pergunto: Qual a visão que este rapaz terá da polícia? Será que aquela era a única atitude a ser tomada por aquele homem destinado a proteger os civis? Isso é simplesmente falta de preparo psicológico e emocional por parte dele. Agora vamos voltar lá na academia e virmos como é que ele foi treinado. Provavelmente lhe foi cobrado preparo físico, conhecimentos de Segundo Grau, treinamento de tiro e todas essas práticas que podem ser muito úteis se acompanhadas da evangelização do ser. Será que a atitude desse policial educou aquele jovem? É obvio que não, sabe por que? Porque atos e palavras ou quaisquer gestos e atitudes violentas não educaram, não educam e não educarão em lugar, tempo e época alguma. Violência gera revolta e violência. Se aquele policial conversasse com aquele rapaz, falando-lhe de seu trabalho, explicando-lhe da justiça, se revelando como alguém em quem ele poderia confiar e contar seus problemas, seus medos e frustrações, ele teria formado naquele momento um cidadão. Não podemos nos esquecer de que há policiais equilibrados, justos e humanos que respeitam o ser humano e percebem as condições em que ambos se encontram. Não estou condenando o policial. O trabalho da polícia é arriscado, desgastante, mas exponho aqui que temos outras, mas muitas outras opções.

A insistência e a pressão fazem com algumas pessoas confessem até aquilo que não fez. Esse é um dos motivos que gera a violência em nosso meio, pois a forma violenta com a qual as autoridades agem desperta a agressividade nos civis, deixando toda uma população tensa. A polidez no trato com alguém faz luzir a serenidade e acalmar os ânimos. Alguém que cometeu um delito não precisa ser torturado, agredido. Precisa ser conscientizado do que fez e receber estímulos de mudança para que entenda seus limites, os limites de seu próximo e sinta-se capaz de produzir boas obras.

A separação dos detidos, de acordo com a gravidade do delito, é uma medida que precisa ser adotada. Aquele que cometeu um pequeno furto não pode ficar junto de um preso que já cometeu vários homicídios ou que praticou crimes pesados, porque a contaminação pode acontecer e a casa de detenção será uma escola do crime.

O isolamento, um trabalho espiritual e psicológico, atividades físicas para o relaxamento do corpo e da alma, a leitura, um trabalho, um tratamento humano sem regalias é capaz de modificar um comportamento criminal. E para que uma cadeia se esvazie é necessário que os lares se encham de amor. Uma família que procura conviver bem, respeitando espaços, auxiliando-se mutuamente; familiares que rezam juntos, fazem as refeições juntos ou tenham momentos de diálogo saudáveis, falando e vivenciando os valores consagrados pela moral serão uma família centralizada. Os pais que colocam limites e orientam seus filhos de modo a serem pessoas voltadas à hombridade, ao respeito, honestidade tratando a todos com a devida consideração é a família que faz a diferença no mundo.

Viver para o mundo é se tornar presa dele. O último modelo de celular, a nova tecnologia da televisão, o computador ultramoderno nunca vão nos trazer a paz que almejamos. A casa, cujos moradores possuem Deus em seus corações, será um lar coroado de bênçãos. O estudo e a vivência do Evangelho é norma de conduta segura em qualquer ambiente e deve começar dentro de casa.

E assim, vamos aos poucos compreendendo que não precisamos fugir, nos esconder dentro de condomínios ou prisões domiciliares. Precisamos atuar não com violência, mas contra ela, sem sermos violentos. Buscar refúgio na paz e se jogar com toda dedicação contra as ações arbitrárias, atuando com firmeza e brandura, para que as leis humanas se emparelhem com a tabulação de Deus, é caminhar para contornar as crises de destemperança que assolam a humanidade.

Nunca nos esqueçamos que o mundo no qual vivemos é o reflexo do que nós somos. Caso queiramos algo melhor façamos por onde. Nossas ações devem ser dirigidas conforme as narrações do areópago cristão nas quais nossas vontades não têm importância, mas que a vontade de Deus se torne também a nossa. Esta deve ser a nossa lei.