Metamorfose

Você já parou para pensar no que faria ou sentiria se descobrisse subitamente que tem apenas poucos meses de vida?

Aos 25 anos Julia, que sempre dedicou sua vida aos estudos e trabalho árduo, descobriu que estava com câncer e por causa do estágio da doença, teria poucos meses de vida fazendo ou não o tratamento. Isso a deixou completamente desnorteada, justo ela que havia dedicado exclusivamente o seu tempo para o trabalho e estudos, deixando de lado até divertimentos, para se tornar alguém de sucesso no futuro, agora não poderia desfrutar do pouco que conseguira já que morreria em breve.

Após uns dias a médica da família da moça decidiu fazer-lhe uma visita, já que descobrira que a jovem havia recusado fazer o tratamento. As duas conversaram e era evidente o desânimo e desencanto da moça pela vida que lhe restava. Desânimo esse entendível, devido as últimas descobertas. Porém, sensibilizada a médica foi para casa e voltou no outro dia trazendo em suas mãos um embrulho, um presente para a jovem. Ao abrir Julia encontrou um vidro com uma bela borboleta. Surpresa e confusa a jovem pergunta à doutora o porque daquele presente. A médica pergunta se a jovem conhece sobre o ciclo de vida da borboleta. Devido a resposta negativa a médica explica cada momento: "Após ser colocado o ovo, por sua mãe, em alguma planta, desenvolvida a lagarta, esta sai e come um pouco das folhas que ali estão. Depois de dias comendo e guardando nutrientes, ela entra em um estágio conhecido como pupa. Ela ficará em um casulo onde irá desenvolver e transformar o seu corpo. Dentro de alguns dias sai dele como um borboleta".

Então Julia pergunta o que isso tem a ver com o seu caso. Nesse momento a doutora responde: Apesar de serem poucos os dias de vida após sair do casulo, serão eles suficientes para que a borboleta consiga terminar seu papel na terra. Ainda suas asas a levará para lugares que jamais poderia ir como uma lagarta. O Casulo foi importante para ela desenvolver, sem esta fase ela não teria conseguido se transformar. Tenho certeza de que enquanto ela estava no casulo haviam outros insetos pulando, comendo, sugando flores, ela aparentemente ali,

perdendo tempo. Porém ela estava na verdade aguardando o momento certo. Julia intrigada pergunta a médica: "se a borboleta tem apenas poucos dias de vida, então porque ela esta trancada neste vidro ao invés de aproveita-los sugando uma e outra flor, ou tentando procurar o amor da sua vida?"

A doutora sorri..

Nesse momento a jovem, sai correndo para o quintal e com lagrimas nos olhos ela abre o vidro liberando a borboleta, que voa para o alto até desaparecer a sua vista. Ao sair para fora ela percebe o céu nublado e o cheiro úmido da terra e da grama. Percebe que assim como a borboleta ela também tem pouco tempo de vida, mas que agora depois de tudo que passou, saberá administrar melhor o seu tempo e poder dedicar-se a coisas que antigamente achava desnecessário.

Quantas vezes passamos por fases em nossa vida que queríamos poder passar uma borracha e apaga-las como se nunca tivessem existido. Mas se não fosse por essa fase, talvez não teríamos aprendido algo tão importante que não conseguiríamos aprender sem passar por ela. E, agora mais fortes, maduros, desenvolvidos, podemos seguir em frente a lugares altos com esses grande aprendizados.

Assim como a borboleta que com suas asas irá para lugares desconhecidos, esses aprendizados nos ajudaram a trilhar conquistas e momentos preciosos. Quantas vezes nos lamentamos por sofrer e errar, jogando a culpa em outras pessoas ou seres sobrenaturais que não nos socorreram quando mais precisamos.

Mas a verdade é que esses momentos são na maioria das vezes essenciais a nossa vida, como a fase de pupa para a borboleta.