RAÇA DE HERÓIS - Capítulo 14 - Continue Caminhando
Capítulo 14
Continue Caminhando
O desejo de querer dominar e comandar faz com muitos pratiquem atos perversos. Diversas pessoas, para chegarem a ocupar uma posição de destaque em uma empresa, na sociedade ou em um grupo, humilham, trapaceiam, corrompem e se deixam corromper por esse desejo. Fazendo isso, conquistam inimigos e a antipatia de muitos em troca do que almejam.
Se as conquistas mundanas fossem tão importante assim e trouxessem a felicidade não presenciaríamos pessoas que alcançaram-nas se mostrarem infelizes e se envolverem em dramas diversos. Muitos milionários e famigerados já se suicidaram, tiveram depressão e passaram por situações que provaram que poder aquisitivo e fama não trazem os benefícios que imaginamos. Somente aqueles que têm consciência da efemeridade desses valores, e sabem da responsabilidade de tê-los, é que conseguem empregá-los da devida maneira.
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico ganhar a salvação.”
Agulha era também o nome dado, naquela época, às entradas que existiam nos muros que protegiam as cidades por onde as pessoas passavam e eram similares ao fundo de uma agulha, mas para os animais passarem era muito difícil, principalmente um camelo que é um animal corpulento. Era, também, o nome dado a uma corda bastante grossa tecida com pelos de camelos.
Quando Jesus nos disse que era mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico ganhar a salvação, quis nos explicar que para alguém ter as joias terrenas em mãos, na maioria das vezes, se sacrifica, sacrifica sua saúde, a de sua família e a de outras pessoas para conquistá-lo, e fazendo isso fica difícil alcançar um estado de plenitude interior.
Grandes empresários, para montarem aquilo que chamam de império, fazem funcionários trabalharem além de suas capacidades, aproveitando de suas necessidades e ambições, não ofertam um salário digno e colocam sempre como objetivo o enriquecimento monetário e o status.
Muitos não dão atenção para os filhos e mal têm tempo de ficar perto da família, e em vez de liberdade, a profissão traz a prisão, e tornam-se, assim, escravos dela. Ao realizarem suas conquistas, percebem que muito tempo foi mal aproveitado, e que esse tempo passou rápido demais, e não se pôde ver os filhos crescerem, não os acompanharam nas festividades escolares, praticando seus esportes, assistindo seus programas favoritos, e quando dão conta já não os reconhecem mais.
Devido a essa busca desenfreada para se ter sempre mais o de palpável, muitas famílias se distanciaram, não havendo mais diálogo dentro das casas e nem tempo para atividades de lazer. Enclausuram-se numa redoma e dificilmente conseguem sair de lá. Em uma mesma casa temos vários aparelhos de TV, microcomputadores, cada um come em um cômodo da casa. São estranhos que moram juntos. Um não sabe do que o outro gosta, como foi seu dia, se está triste, o que está pensando em fazer, enfim, eles apenas dividem um espaço físico, mas não preenchem os espaços nos corações um do outro.
E é por tudo isso que devemos observar o que estamos buscando para nós. Os haveres são necessários, pois nos dão o vestuário, a comida, pagam nossas contas, mas há o necessário e o supérfluo.
Valorizar nossos amigos, nossa família, aprimorar nosso caráter é que nos torna ricos de verdade. E essas riquezas ninguém rouba de nós.
Quando buscamos apenas o de material, ambientes de paz e de harmonia tornam-se lugares estranhos aos nossos olhos e se fazem inacessíveis. A possibilidade de se ter poder terreno deixa-nos entusiasmados e um mundo ilusório nos atrai. Depois de insertos nele buscamos mais uma maneira de aumentar o nosso poderio de ação, buscando um raio de expansão mais amplo. Após conseguirmos tal feito acreditamos que somos dotados de uma inteligência incrível e muitas vezes esquecemos-nos de buscar as Coisas do Alto, e sentimos falta de alguma coisa, e percebemos uma irregularidade em nossas vidas: Não estamos felizes. Para coadjuvar nessa busca contínua tomamos cápsulas e mais cápsulas de remédios, acreditando que o medicamento é um conversor portátil de energia. Drogamos-nos, tornamos dependentes químicos e a situação não se resolve. Ao percebermos a trama que desenvolvemos, nos prendemos em amarrados diversos e quando alguém tenta intervir não queremos ouvi-lo. Estamos com o equipamento mental em avaria, e continuamos estarrecidos e saímos sem rumo. E caímos...
Após constatarmos nossa queda compreendemos que nosso plano escamoteou. Isso é frustrante, mas é o despertar que inicia-se, e é nesse instante que acordamos e entendemos que é preciso fazer diferente. O quanto antes dermos conta disso será melhor.
Aquilo que imaginamos ser derrota é vitória. O que pensamos ser perda é ganho. Tudo se transformará, futuramente, em consolo porque entenderemos que não vivemos mais em um mundo de ilusão e hipocrisia.
Aprender a nos levantarmos após a queda e prosseguirmos em nossa caminhada, convictos de que é caindo que ficamos mais atentos, erguendo é que ficamos de pé e continuamos a andar, errando que aprendemos a fazer diferente e acertar, sofrendo que entendemos a dor e vivendo que aprendemos a amar, é o que nos tornará excelsos.
Bruce Lee deixou uma máxima reflexiva e motivacional: “A vida é um processo sempre fluente, e em alguns lugares do caminho coisas desagradáveis ocorrerão. Elas podem deixar cicatrizes, mas a vida continua a fluir. A água, ao estagnar-se, torna-se podre, por isso não pare. Continue bravamente porque cada experiência nos ensina um novo caminho. Cada experiência nos ensinará uma nova lição.”