Porque eu?
A gente sempre se pergunta, quando algo nos aborrece, nos entristece ou nos faz infeliz, porque eu? E porque não? Qual o motivo que a gente tem para se achar melhor que o outro? Não somos feitos a imagem e semelhança?
Pois é... Já me fiz inúmeras vezes na vida esta pergunta, mas foram inumeráveis mesmo as vezes que com as lágrimas a escorrer pela face e com uma dor tremenda no coração e na alma me fiz esta pergunta - Senhor porque eu?
Hoje queria escrever, meus dedos estavam coçando para teclar, mas não teclar algo qualquer, queria escrever. Ai ao iniciar e sem pensar veio a primeira frase e olhei e li o que tinha escrito - coisa estranha - nem estou triste e nem aborrecida, mas sinto que esta pergunta deve ter uma resposta, então lembrei-me de dezembro de dois mil... Alias lembrei-me dos outros meses dos anos seguintes em que me perguntei por que eu, Senhor.
Perguntei-me porque eu que nunca tive nada, que nunca fui nada, que sempre me dei que sempre me entreguei o que fiz. Porque o Senhor teve tanta raiva de mim? Porque esse castigo? O que lhe fiz? Eu procurava em minha vida, algo terrível que me fizesse compreender e aceitar que estava sendo castigada por algum motivo. Nunca fui santa, nunca mesmo. Sempre lutei pelos meus direitos e sempre fui igual a qualquer pessoa com erros e defeitos, mas eu não achava que uma mentira que não prejudicou ninguém, uma briga com o meu irmão ou a minha irmã... Uma farra, umas cervejas a mais, um namoro ou um esbarrão de propósito em alguém fosse algo terrível assim. Procurei em minha memória e não encontrei nada que fosse digno do castigo que me tinha sido dado. Então pensei quem sabe em outras vidas (acredito que temos, sim), mas por mais que eu quisesse não me convencia que eu tinha sido algo assim terrível em qualquer das vidas já vividas. Acho que todos os meus pecados eu cometi nesta vida atual e até aquele momento, nenhum que fosse de longe motivo para o meu sofrimento. Hoje, continuo me achando muito mais imperfeita do que ontem e se me perguntassem - Você hoje merece castigo tão grande, eu ia dizer que não, no entanto, minha resposta hoje seria mais abrangente - tenho certeza que o que vivi não foi castigo. E como tenho certeza? Porque a vida me mandou a resposta através de anjos.
Primeira resposta - Uma atriz famosa que se perdeu no mundo das drogas.
Estava eu chorando e me perguntando por que - quando aquela jovem entrou e disse - meu livro de cabeceira é a bíblia e foi graças a ela que aprendi que eu não sou castigada e que as coisas acontecem porque tem que acontecer.
Segunda resposta - Um conversa no coletivo que me levava ao trabalho - estava eu chorando quando duas pessoas conversavam no banco as minhas costa e novamente a bíblia era a resposta porque eles entendiam que alguém não estava sendo castigado.
Terceira resposta - Estava eu novamente a chorar e a perguntar por que eu - Quando minha atenção foi direcionada ao sermão que o padre lia e que dizia Deus não castiga ninguém e nenhum cristão deve-se acreditar castigado por Deus.
Quarta resposta - Ó gerente do banco onde eu tinha conta e onde tentava resolver algo, como sempre a chorar. Um evangélico olhou e disse irmã você não é culpada de nada - Leia estes versículos (escreveu no verso do extrato de minha conta os versículos) e veja que você não tem culpa e que você não estar sendo castigada.
Quinta resposta - A bíblia, mas precisamente o livro de Jó (Livro 16) - Ali eu descobri o sentido de você acreditar que Deus não lhe julga, não lhe condena, mas que você não está imune a nada que lhe seja ruim, a nada que lhe traga tristeza, a nada que lhe traga infelicidade.
Não importa quem você seja. Descobri que você pode não ser responsável por tudo o quanto lhe acontece, mas que você trabalha com a possibilidade que tudo pode acontecer independente de sua vontade ou da vontade dos que lhe querem bem. Descobri que você vive em uma força onde por mais direcionada que você seja, vão existir as arestas, as brechas, as entradas por onde podem entrar as agruras da vida. Você não é responsável, mas você é o autor principal, seu papel foi escrito e você pode mudar as falas, os gestos, as posições, mas vai chegar uma hora que o papel independe de você.
Ai é continuar interpretando e fazer o melhor possível. Foi isto que aprendi em minha vida, a não ser a melhor, mas tentar fazer o meu melhor, claro que muitas vezes passo longe dele, mas eu tento. Juro que tento!