A loteria da felicidade
Ultimamente temos visto na
televisão alguns espetáculos mostrando
os efeitos da hipnose; parece que
estes divertem as platéias e telespectadores,
despertando, ainda, a atenção
de curiosos, já que a prática (e aplicações úteis da hipnose)
é pouco conhecida no Brasil.
Podemos ver os espetáculos usados
mais para fins de diversão do que para informação.
Vê-se que, uma ou mais pessoas levadas
ao sono hipnótico, são conduzidas pelo
hipnotizador e levadas a aceitarem
as sugestões dadas, bem como a cumprir
alguns tipo de ordem verbal.
Nesse estado adormecida, a mente é
levada a aceitar ( e realmente acontece isso)
qualquer situação que se lhe apresente como verdadeira.
O hipnotizado passa, então, a vivenciar essas situações.
Acontece que o consciente, parte lógica e racional
da pessoa, está adormecido e somente o subconsciente
permanece em vigília; como essa última não consegue
discernir a fantasia da realidade, quase tudo é aceito com
um mínimo de censura.
Se nesse estado dissermos a uma pessoa que uma
cebola é uma maçã, a pessoa, sob sugestão, aceitará
plenamente a idéia e poderá comer a cebola saboreando-a
como uma maçã. Podem ser enganados, por assim dizer,
todos os cincos sentidos.
Se entregarmos um pedaço de papel a uma pessoa
hipnotizada dizendo que se trata de um bilhete premiado
e que ela ganhou este prêmio, ela reagirá emocionalmente
e toda a euforia e alegria serão sentidas enquanto estiver sob
efeito da sugestão e, em alguns casos, prolongar esse
sentimento para que seja manifestado tempos depois
do paciente ter “despertado”. Assim é a sugestão pós-hipnótica.
Agora vejamos: uma pessoa compra um bilhete de loteria e
começa a fazer planos com o dinheiro que, acredita, irá ganhar;
deixa correr solta a fantasia e vivencia as situações criadas pela
mente a ponto de gerar emoções.
Se essas fantasias forem levadas a efeito pouco antes da
pessoa dormir, isto é, durante um estado parecido com o estado
hipnótico ( nível alfa ), essas sugestões estarão sendo levadas
ao subconsciente e esse as recebe como se fossem verdadeiras.
Toda a alegria e euforia sentidas são gravadas e ficam
impregnadas na mente subjetiva.
Nas horas que se seguirão, durante o estado de vigília,
mesmo que a pessoa não pense no assunto, o subconsciente
mantém a pessoa no mesmo clima, fazendo com que receba
“ondas” de euforia e felicidade durante algum tempo.
Quanto mais profundamente colocadas no subconsciente
tais informações, maior será o retorno desses sentimentos
(feedback). Isto significa que o nosso clima mental durante o dia
é o retorno daquilo que pensamos antes de dormir; se dormirmos
num clima mental de felicidade, no sentirmos ricos e felizes por
alguns momentos antes de adormecermos, assim nos sentiremos
durante as horas de vigília que se seguirão.
Assim conseguimos entender porque as pessoas otimistas
que jogam nas loterias são felizes, embora vivendo em condições
indignas e humilhantes.
Recebem mentalmente o retorno daquilo que fantasiam; são
aquilo que gostariam de ser. Pelo menos pensam que são.
E continuam vivendo felizes no seu mundo fantástico;
devemos dizer que a felicidade é um estado de espírito?