Ensinando crianças!
Ensinar crianças é uma missão muito especial! Missão confiada por Deus, em princípio, a uma classe também especial de pessoas, os pais. Missão estendida, no decorrer das necessidades, aos educadores, com ou sem orientação cristã. Missão assumida por alguns pais, outros não. Missão assumida por alguns educadores, por um salário. Mas, a missão que quero destacar é a do amor à criança.
O ser humano talvez seja o mais carente de apoio e cuidados nessa fase inicial de vida. Se deixarmos uma criança sem nenhum cuidado provavelmente morrerá, pois ainda não é independente. Possivelmente o ser humano seja também o que mais tempo leva para adquirir a capacidade dessa independência total e segura. Isso leva sempre ao dilema como educar uma criança? Melhor ainda, como ensinar uma criança o caminho que ela deve andar, segundo palavras bíblicas?
Triste pensar no que a escola está fazendo com nossas crianças. Invés de ensinar o que é correto, de respeito ao próximo, sem distinções, estão ensinando distinções, com o agravante de acrescentar conceitos desnecessários e prejudiciais às crianças de menor idade, tais como descoberta prematura sexual, de raças, de drogas, etc. Nessa idade a criança quer, por necessidade herdada de Deus, conhecer coisas, descobrir coisas. É assim que seu mundo se forma e seu horizonte se estende.
Uma descoberta que fiz criando dois filhos, um já homem feito e outro (o Pedro) até os três anos e meio, Deus o tem, foi que criança não necessita de volume ou quantidade de ensinamentos. Ela precisa de conceitos básicos, o resto ela complementa e assim faz seu mundo totalmente particular, de forma gradual e natural. Isso é o que diferencia umas das outras quando grandes. Nesse caso, o que quero dizer é que esses conceitos serão como pontos a serem ligados pela própria criança na sua experiência com os demais e nisso os adultos fazem grande diferença, pois serão os modelos principais. De que forma essas pontes são feitas? Pela imitação dos modelos, principalmente dos adultos. Quando digo adultos, os primeiros e mais importantes são os pais.
A descoberta acima descrita pode ser exemplificada da seguinte forma: ir e vir, levar e trazer, dar e receber, subir e descer, andar e correr, beber e comer, etc. A seguir vem outros conceitos como: agradecer, cumprimentar, respeitar, justiça e injustiça, etc. Depois vem mais: praticar o que é correto. Desta forma sua compreensão e personalidade vão se formando, na medida em que seu vocabulário vai aumentando e suas frases se tornam mais completas. Isso é possível perceber. As frases vão se formando com colocação de novas palavras entre esses conceitos e nem é necessário o trabalho de ficar fazendo com que a criança decore centenas de palavras para usar depois. Ela mesma vai achar as mais adequadas dentro de seu universo de conhecimento até o momento.
Dito isto, vamos à outra descoberta que considero muito importante. Perdemos muito tempo ensinando as crianças no caminho em que elas não devem andar. Isso significa que estamos ensinando a não fazer milhares de coisas, por essa ou aquela razão. Muitas vezes o que lhes ensinamos nem condizem com o que praticamos. Como esperar que a criança aprenda tudo o que ela precisa saber deste ponto de vista, se ela ainda não tem nem a formação necessária para fazer tal juízo? Se formos optar por esse caminho, quantos nãos serão necessários a ela aprender e entender e aceitar, para que seja uma pessoa do bem? Assim sendo, ela não estaria sendo educada para cumprir leis e obrigações coerentes com alguma diretriz, de alguém, tanto quanto foi no tempo do povo de Israel? Porque precisou Jesus vir, se havia esse procedimento de ensino corrente entre o povo?
Note que em uma passagem do AT está escrito “ensina o teu filho no caminho que ele deve andar, e mesmo depois de grande ele não se desviará dele”. Percebe que a minha descoberta não foi inédita? O Senhor já havia dito isso. Então porque estamos querendo ensinar o nosso filho o caminho que ele não deve andar? Nesse sentido de ensino a base inicial é o sentimento de culpa pelo pecado que ‘deve ser eliminado’ e merece punição. Mas Jesus disse “deixai vir a mim os pequeninos, pois dos tais é o reino dos céus”. O reino, como sabemos, não é para pecadores. Então porque partir da condenação dos pequeninos para ensiná-los?
A grande descoberta que posso relatar sobre essa questão é que sou pai de um homem, que já é pai de uma garotinha linda, e jamais precisei usar de violência para com ele. A única arma que usei foi o amor. Mas sabe que amor é esse? Só descobri o tamanho desse amor, quando o Pedro, meu segundo filho, do coração, faleceu em novembro do ano passado. Amor sem medida, que tira qualquer razão contrária, amor que constrange mesmo ao bem. A perda foi tão grande, uma dor que parece que vai matar. Acho que entendi o que Jesus disse sobre dar a vida por amor. Se eu pudesse eu teria dado minha vida para livrar o meu menino de qualquer sofrimento. Como dói o amor! Mas é uma dor que não significa sofrimento na concepção humana. É o amor que nos faz querer bem ao nosso semelhante, sem isso é impossível. Afinal porque Jesus disse amarás o teu próximo como a ti mesmo?
Sendo assim, descobri que se eu ensinasse o bem, o ser do bem, a fazer as coisas corretas, não precisaria me preocupar tanto com as demais coisas. Se meus filhos aprendessem a ser do bem, jamais seriam do mal. Isso é uma afirmação de Deus! Mas isso traz responsabilidade muito grande aos pais, pois como ensinar a ser do bem se praticarmos o mal, ou coisas que não estão de acordo com o que falamos? Aí vem outra afirmação de Jesus: “recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém...” os primeiros habitantes de Jerusalém, nesse caso são meus filhos e minha esposa!
Concluindo essas minhas palavras, não creio ser necessário enfatizar temas como pecado e culpa no ensino da criança com a mesma ênfase necessária ao adulto, pois ela não carece de arrependimento, mas sim de aprender a viver no plano de Deus. Criança precisa aprender a ser do bem e não a não ser do mal. Se ela for do bem, consequentemente ela não será do mal. Como ensinar isso a ela? Criança vive ainda num mundo de fantasias, ou seja, se envolve mais com representações de situações. Sugiro então que se use à exaustão representações de situações cotidianas, onde ela mesma experiencie como seria Jesus vivendo aquela situação, amigos de Jesus, pais de Jesus, etc.
Ensinar criança é uma missão de amor! E como Deus se agrada! Amém.