Paganismo nosso de cada dia...

Num mundo previsivelmente administrado como o nosso, o sistema tende, a gerenciar, inclusive, as nossas horas de lazer. Causa certo espanto que nos deparemos com símbolos tão escancarados e, no entanto, tão pouco conhecidos.

RÉVEILLON: o termo vem do francês "Reveiller", que é acordar. Mas a raiz da palavra é a mesma de "rêve", que quer dizer: sonho. A rigor, seria a ceia no meio da noite, quando sonâmbulos, somos acordados para uma confraternização, ao redor de uma mesa farta, com amigos. Mera casualidade? Talvez. No entanto, poucos eventos nos põem, inclusive etimologicamente, tão próximos dos sonhos.

JANEIRO: Homenagem ao deus romano Jano (em latim Janus). A figura de Jano é associada a portas (entrada e saída), bem como a transições. A sua face dupla também simboliza o passado e o futuro. Ao mesmo tempo, olha para Dezembro e Fevereiro. Jano é o deus dos inícios, das decisões e escolhas. Nada muito distante do Exú tranca rua das almas, o "guardião dos caminhos", sua atribuição é trancar os caminhos dos espíritos humanos.

*Janos é a nossa condição no Réveillon. É o deus do contraditório, aquilo que, de um lado todos somos no instante em que contamos o tempo regressivamente. Ao desembarcarmos no zero, depois da contagem dos segundos, assumiríamos as duas faces de Jano, somos o passado que sabemos como foi, mas somos também o mistério, a dúvida assumida pela outra face do tal deus. Aquela que olha para o futuro e que é imprevisível, tanto para o bem quanto para o mal. Há, em suma, um mundo carregado de mistério no que somos no Réveillon. E é no quanto a palavra se refere a sonho "Rêve", que nos abraçamos e nos beijamos, desejando-nos mutuamente, o que o próprio Jano também não sabia: se seremos felizes ou não.

tlbarbosa
Enviado por tlbarbosa em 01/01/2014
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