UTÓPICO TALVEZ, MAS, NECESSÁRIO

NA MANHÃ DE 31 DE DEZEMBRO DE 2013

Manhã do último dia do ano. Embora sabendo das realidades da existência, das realidades do mundo, nós nos desejamos Feliz Ano Novo. Não chamo a isso alienação, gesto utópico inútil: chamo de ritual necessário.

A condição humana,a condição do mundo é a de Falta. Nossa condição é a da procura incessante. Os antigos celebravam a passagem do ano; os seres futuros também a celebrarão, com rituais, simpatias, cores especiais, palavras especiais. Por que não? Ninguém abdica da própria consciência e da própria lucidez por se deixar impregnar por um pouco de alegria e de esperança. Ninguém.

Os rituais de passagem, mesmo quando despojados de seus significados mais profundos, (o nosso caso, o caso dos homens "civilizados") continuam necessários, tais rituais. Ainda que despojados de muito de sua alma.

Celebremos, pois, a passagem do ano. Com as melhores palavras que nos for possível dizer, com os melhores gestos que nos for possível realizar.Isso não é, a meu ver, ato de alienação nem de anestesia do real. Isso tem raízes no sagrado, raízes ancestrais. Celebremos, com boa-vontade. Celebremos,amigos meus. Dentro do possível a cada um.

Feliz Ano Novo,queridos.