A Matança no Chile

No dia 2 de agosto do ano de 2000, o pastor Enrique Vilches Millar, da Corporação Metodista Pentecostal Universal, entregou uma carta ao presidente chileno Ricardo Lagos contendo informações referentes a 780 pessoas desaparecidas durante o governo de terror do general ditador. O conteúdo da correspondência fazia referência a desaparecidos, mencionando que, antes dos cadáveres serem lançados ao mar de dentro de aeronaves militares, substâncias químicas eram injetadas para estimular peixes a comer suas carnes.

Também, elementos corrosivos eram injetados para que a estrutura óssea se desintegrasse em no máximo cinco dias. Finalmente, uma placa de chumbo era colocada no estômago para afundar o cadáver. Com o passar do tempo, por serem mais baratas, as placas de chumbo foram substituídas por trilhos de ferro, diz a carta divulgada pela Associação dos Familiares dos Presos Desaparecidos.

As declarações do pastor Vilches coincidem com as afirmações do senador Jorge Lavandero. O senador informou ter ouvido de ex-executores que, cerca de 1.200 dos 2.000 desaparecidos chilenos foram lançados de aeronaves sobre as águas do Oceano Pacífico.

Os crimes de Pinochet deixaram o Inferno em festa. Michelle Pena Herreros, uma jovem estudante de engenharia, grávida de oito meses, foi presa pela DINA. A militante do Partido Socialista foi torturada na prisão e, no dia após o parto, colocada num avião militar e lançada sobre as águas do Oceano. Um relatório militar confirmou o crime de Pinochet. A Comissão Rettig, constituída por juristas e membros de vários segmentos da sociedade, num período superior a um ano de pesquisas, entre 2000 e 2001, registrou que o ditador fardado praticou cerca de 2.298 assassinatos devidamente comprovados.

Além de numerosos crimes levantados pela Comissão Rettig, outros 899 assassinatos foram comprovados pela Comissão de Reparação e Justiça. Dos 3.197 assassinatos comprovados, cerca de 1.185 presos políticos foram fuzilados sem julgamento. Dados oficiais confirmam que, pelo menos, nove bebês nasceram nas prisões, sem que se saiba qual o destino dado a essas criancinhas de mães executadas no dia após o parto.

A partir de um documento entregue pelas Forças Armadas chilenas à Mesa de Diálogo, a organização, no período de dois anos, compilou o nome de pelo menos 200 presos políticos que, de dentro de aviões militares, foram lançados sobre rios, lagos e Oceano Pacífico.

Dados do movimento Agrupação de Familiares de Detidos Desaparecidos confirmaram que centenas de corpos de prisioneiros políticos, após fuzilados, foram reunidos e dinamitados, para não deixar prova alguma que incriminasse os mandantes fardados.

CERQUEIRA, RNF. A Matança Illuminati. Florianópolis: 2013. Ainda não editado.

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